Os espanhóis acordaram esta segunda-feira para o primeiro dia da segunda semana de isolamento. A medida foi decretada para fazer face à pandemia no país, mas nem por isso dos dados que chegam são otimistas. Nas últimas 24 horas morreram no país 462 pessoas, tendo ultrapassado as 2 mil mortes, o que deixa a Espanha no top3 dos países com mais mortes registadas (depois da Itália e da China): 2.182.

A sombra da situação vivida em Itália começa a ser cada vez mais forte: são seis dias de atraso, mas há seis dias o país mais afetado pelo novo coronavírus registava 31.506 casos e 2.503 mortes. Ainda que no número de mortes Espanha tenha menos 321 que os italianos há seis dias, no número de casos a perspetiva não é tão animadora: Espanha tem hoje mais 1.483 casos que Itália tinham contabilizando os seis dias de avanço, ainda que Itália tenha mais 14 milhões de habitantes.

O coordenador de emergências espanhol, Fernando Simón, mostrou-se esperançoso esta segunda-feira com o suavizar da curva de casos detetados, embora recorde que ainda não há certezas que “se tenha atingido já o pico da epidemia”. Fernando Simón destacou ainda, durante a conferência de imprensa diária, que o número de doentes nos cuidados intensivos também diminuiu: de uma percentagem de 15% dos internados para 13%.

“Está a seguir a linha que esperávamos. É provável que não tarde muito em chegar um dia onde a curva comece a descer e possamos reduzir progressivamente” as restrições de movimento impostas aos espanhóis, afirmou, citado no El País.

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Reforço de testes rápidos e ventiladores

À semelhança do que acontece em Portugal, também em Espanha as autoridades estão a tentar alargar o número de testes realizados, com a extensão de exames rápidos às autarquias. Nas mãos das comunidades autónomas fica toda a gestão e organização dos espaços necessários e dos testes a realizar.

Segundo Fernando Simón, na distribuição dos testes foi dada prioridade às regiões com maior número de casos. As autoridades de saúde darão depois prioridade aos dois pontos sensíveis identificados: profissionais de saúde e residências de idosos (os lares de idosos foram dos sítios mais atingidos pela pandemia em Espanha, registando um elevado número de mortos).

Com o aumento do número de casos e de necessidade de camas de cuidados intensivos, os médicos espanhóis viram-se confrontados com um cenário já tinha sido relatado pelos colegas italianos: a determinado momento era preciso começar a escolher quem salvar, dada a falta de ventiladores para todos os que necessitavam. Fernando Simón afirmou que o número de ventiladores foi reforçado e que tem esperança que a situação melhore nos próximos dias. “Madrid agora é o centro, mas estes recursos podem-se mover”, disse, sobre a disponibilidade atual dos ventiladores.

“Os próximos dias vão ser cruciais. A aproximação do pico não implica ter o problema controlado, implica redobrar esforços para garantir que não é dado um passo atrás, o que provavelmente seria pior que ter implementado as medidas de forma menos rígida”, disse Simón.