José Manuel Constantino, presidente do Comité Olímpico de Portugal (COP), é claro na hora de explicar a posição portuguesa face a um eventual adiamento dos Jogos Olímpicos de Tóquio: “Espero que os Jogos sejam adiados”, disse esta segunda-feira, em declarações à Rádio Observador, um dia depois de o governo japonês e de o Comité Olímpico Internacional (COI) terem colocado, pela primeira vez, a possibilidade de adiar os Jogos Olímpicos sem os cancelar.

Comité Olímpico de Portugal pede firmeza e rapidez na decisão de adiar Tóquio2020

As duas entidades, que até aqui se tinham mostrado relutantes na hora de assumir que os Jogos Olímpicos poderiam não decorrer em Tóquio nas datas inicialmente previstas — de 24 de julho a 9 de agosto –, anunciaram a intenção de apresentar uma solução alternativa no prazo de quatro semanas: que pode empurrar os Jogos Olímpicos para setembro ou outubro deste ano, para 2021 ou até para 2022. “O mais razoável é que, entre COI, Comité Organizador, governo de Tóquio e autoridades japonesas se encontre uma solução consensual que permita que os jogos se realizem numa outra data, em Tóquio. E que, de momento, se ultrapasse esta enorme pressão e expectativa que está criada — e, de algum modo, incerteza — face ao quadro sanitário que o mundo apresenta. Espero que se encontre uma solução consensual entre as partes envolvidas e que esta não tenha de ser encontrada num plano jurídico”, explicou José Manuel Constantino.

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[Ouça aqui na íntegra a entrevista de José Manuel Constantino à Rádio Observador]

José Manuel Constantino: “Espero que os Jogos Olímpicos sejam adiados”

O presidente do COP comentou ainda o impacto que esta paragem está a ter na preparação dos atletas olímpicos portugueses. “[A missão olímpica portuguesa] está prejudicada. Há um conjunto de atletas que não tem condições para se preparara e há outro conjunto de atletas que encontrou soluções alternativas. Mas toda a preparação está prejudicada pelas condições que são conhecidas e pelas limitações que são impostas”, garantiu José Manuel Constantino, acrescentando que compreende que “os atletas procurem soluções alternativas” mas teme que “o façam correndo riscos”. “Procuram aquilo que é possível, que é manter a condição física, mas fazer treino específico é muito difícil”, concluiu.

José Manuel Constantino falou ainda sobre a decisão anunciada pelo Canadá e pela Austrália, já esta segunda-feira, de não participarem nos Jogos Olímpicos caso as datas originais não se alterem — um passo que tem “dificuldade em entender”. “A decisão mais desejável teria sido que os Comités Olímpicos desses países tivessem manifestado anteriormente junto do COI o seu desconforto em relação à decisão de manter a data de realização dos Jogos. Creio que, a partir do momento em que o COI anunciou ontem [domingo] que estava a estudar uma solução alternativa, não faz sentido. Caso o COI viesse a confirmar a manutenção da data prevista, aí assim, fazia todo o sentido uma reavaliação das participações nos Jogos”, defendeu o presidente do COP, sublinhando que “o mais sensato é aguardar por essa solução”.

Jogos Olímpicos de Tóquio. COI pondera adiamento, mas descarta cancelamento

José Manuel Constantino falou ainda sobre a carta enviada pelo COP, já esta segunda-feira, a Thomas Bach, presidente do COI, onde pede “rapidez” no anúncio de uma decisão. “Quatro semanas é muito tempo. O mais desejável é que esse anúncio seja feito o mais rapidamente possível, precisamente porque entendemos que não há condições para a realização dos Jogos. Essa é também a posição dos atletas (…) É o sentimento dos atletas. Precisam de receber, o mais rapidamente possível, o sinal de que os Jogos não se vão realizar na data inicialmente prevista e vão realizar-se noutra data, ou este ano ou no próximo ano ou daqui a dois anos”, afirmou o presidente do COP. Constantino garantiu ainda que o “ideal” para a missão portuguesa seria o adiamento dos Jogos Olímpicos ainda durante 2020, em setembro ou outubro, mas sempre dependendo da “situação sanitária”.