O Presidente Donald Trump prevê que o pico da epidemia no país irá ocorrer por volta da Páscoa e explica a sua decisão de alargar as medidas de distanciamento social até ao final de abril para que não morressem milhões.

A justificação foi dada por telefone esta segunda-feira, no programa matinal Fox & Friends, da cadeia de televisão Fox News. “Por volta da Páscoa será o pico, pensamos nós”, explicou o Presidente norte-americano, acrescentando que a partir do final do mês de abril poderá assistir-se a “progressos a sério”.

A presença no programa com esta explicação ocorreu horas depois de, no domingo à noite, Trump ter anunciado que irá estender as medidas de distanciamento social de combate à Covid-19 até 30 de abril — uma medida que contrariou diretamente a convicção que tinha expressado antes de que o país já pudesse estar “aberto” e a funcionar em pleno na Páscoa, a 12 de abril.

Se não fizéssemos nada, 2,2 milhões de pessoas podiam ter morrido”, diz agora o Presidente norte-americano. “O pior que se pode fazer é declarar vitória e depois não ter uma vitória. Estamos em guerra, isto é uma guerra.”

Sobre os apoios que estão a ser dados aos norte-americanos, Trump referiu que “agora, pagamos para as pessoas não trabalhar”, congratulando-se pelas medidas que estão a ser impostas para promover o distanciamento social — e que existem graças a um acordo histórico que foi feito no Senado entre republicanos e democratas, aprovando um fundo de dois biliões de dólares para ajudar a controlar o impacto económico da pandemia. Em troca, explicou, tem agora uma oposição que apoiar um maior controlo na fronteira: “Desde que isto aconteceu, temos uma fronteira forte”, disse.

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O Presidente referiu também que está a ser avaliada a possibilidade de fazer pagamentos pelo risco a profissionais de saúde. “São pessoas realmente corajosas. São guerreiros, na verdade”, elogiou.

Os insultos a Pelosi, os números falsos sobre a II Guerra e o telefonema para Putin

Mas nem só de Covid-19 se fez a chamada para o Fox & Friends. Durante o telefonema, o Presidente aproveitou para acusar Nancy Pelosi, líder democrata da Câmara dos Representantes, de ser “um cachorro doente” [sick puppy, em inglês] por o ter acusado de ser responsável pelas mortes nos EUA. Além disso, disse que se Joe Biden (candidato favorito nas primárias presidenciais dos democratas) fosse Presidente, “ninguém saberia o que se estava a passar”.

Na mesma conversa, Trump afirmou que não quer “nacionalizar o país”, recusando-se a acionar uma lei que dá ao Presidente poderes para obrigar empresas a cumprir ordens do executivo, como fabricar produtos específicos. Em causa está a falta de ventiladores no estado de Nova Iorque, que tem sido denunciada pelo governador Andrew Cuomo. Contudo, o líder dos EUA acusou este estado de ter recebido ventiladores, mas estes não estarem a ser usados.

Trump lembrou ainda que na II Guerra Mundial a Rússia “perdeu 50 milhões de pessoas”. Contudo, agora “falamos com a Alemanha”, disse o líder norte-americano. O tema da conversa surgiu a propósito da discussão sobre o estado da economia mundial depois do novo coronavírus e se o Presidente vai ou não levantar sanções à Rússia. “Após este telefonema, vou conversar com um senhor chamado Vladimir Putin”, afirmou ainda sobre a necessidade do país ter de ter melhores relações com a Rússia.

Na realidade, as estatísticas oficiais estimam que terão morrido cerca de 27 milhões de pessoas de toda a União Soviética durante a II Guerra Mundial — o que, porém, não invalida que este foi o país que teve mais vítimas no conflito.

Ao responder às questões que chegavam por esta estação televisiva, referiu ainda que vai haver uma vacina para a Covid-19, “mas não para já”. Além disso, referiu o caso de um “amigo próximo” que está em coma por causa da doença. Sobre a infeção, disse também que espera ter uma boa ideia sobre a eficácia da hidroxicloroquina, um remédio contra a malária que pode ajudar no tratamento da Covid-19. “Dentro de três dias” haverá resultados, garantiu.