Quase dois mil enfermeiros estão em casa em vigilância ativa depois de terem estado em contacto direto com doentes infetados com o novo coronavírus e estão agora impedidos de prestar cuidados de saúde, avançou esta terça-feira a Ordem dos Enfermeiros em comunicado.

A Ordem adiantou que “estes números resultam do inquérito lançado há uma semana […], ao qual responderam 20771 enfermeiros, o que corresponde a cerca de 50% do número de enfermeiros que trabalham no Serviço Nacional de Saúde.”  Os resultados do inquérito dão conta de 12 curados e 363 enfermeiros infetados.

Apesar de o comunicado garantir que o número de enfermeiros infetados divulgado oficialmente é inferior ao contabilizado pela Ordem, na conferência de imprensa desta terça-feira, o Governo falava já em 370 infetados (mais 7 do que o que consta no comunicado da Ordem).

Face aos números avançados oficialmente, Ana Rita Cavaco, bastonária da Ordem dos Enfermeiros, acredita que as contas estarão a ser feitas por baixo e que haverá um número maior, uma vez que cerca de 2 mil enfermeiros estão, neste momento, em casa, disse em entrevista à rádio Observador. A bastonária explica que esta discrepância se deve à “pressão” que o SNS enfrenta, afirmando que “não há tempo para fazer notificação de casos ou diferenciar os que são enfermeiros ou outros profissionais de saúde”.

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Os enfermeiros continuam a não ser testados, pondo em perigo a única linha de defesa à pandemia da Covid-19, quando os profissionais de saúde deviam ter prioridade no acesso aos testes, seguindo as recomendações da OMS”, alertou a Ordem dos Médicos em comunicado.

Ana Rita Cavaco também sublinhou a necessidade de dar prioridade aos testes em profissionais de saúde, por serem “vitais no combate a esta pandemia”. “Se os profissionais de saúde tivessem prioridade nos testes, muitos não estariam em casa”, disse.

O comunicado da Ordem dos Enfermeiros refere ainda que há 1810 enfermeiros em vigilância passiva, sem realização de teste ou a aguardar.

Segundo os resultados do inquérito realizado junto dos enfermeiros portugueses, o Porto regista 114 enfermeiros infetados e Lisboa 72, seguindo, de acordo com a bastonária, “a tendência da infeção nacional”. Coimbra regista 52, Braga 31, Aveiro 21 e Setúbal 18, não havendo nenhum distrito sem enfermeiros infetados, “pelo que urge testar os profissionais”, acrescenta a Ordem dos Médicos.

Ana Rita Cavaco: “Temos que testar os profissionais de saúde”