A Ordem dos Médicos (OM) quer que as Câmaras Municipais distribuam gratuitamente máscaras comunitárias pela população desfavorecida, disse esta segunda-feira o bastonário, reiterando que o uso de máscara em locais públicos “devia ser obrigatório”.

“A Ordem dos Médicos vai fazer um apelo aos autarcas para que as pessoas mais desfavorecidas e que tenham menos capacidade económica possam ter acesso a este tipo de máscaras de forma gratuita”, disse esta manhã Miguel Guimarães quando falava aos jornalistas numa visita ao Hospital de Santo António, no Porto.

O bastonário frisou a importância de usar máscara, defendendo que a medida deve ser “obrigatória” tal como outras repetidas pela Direção-Geral da Saúde (DGS) como a etiqueta respiratória, o distanciamento social, a higienização das mãos e a limpeza de superfícies, isto numa fase em que está a ser preparado o abrandamento das medidas restritivas, mas, alertou Miguel Guimarães, “é preciso ter muito cuidado” porque “a infeção ainda não acabou”.

Não basta dizer que se deve e usa quem quer. Temos o dever e a obrigação de nos protegermos uns aos outros em nome do país, da saúde e da economia. Julgo que o Governo está a preparar, embora de forma progressiva e monitorizada, a diminuição das medidas de restrição. Temos de dar as condições às pessoas para estarem protegidas”, sublinhou o bastonário.

Miguel Guimarães alertou que “em qualquer altura as infeções podem começar a subir se as pessoas começarem a abrandar as medidas obrigatórias”, razão pela qual defendeu que é necessário “continuar com as medidas restritivas”, bem como “testar todos os idosos e todos os profissionais dos hospitais” de forma a “separar quem está infetado de quem não está”.

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“Só assim conseguiremos controlar melhor a infeção e se calhar nos próximos dois meses conseguimos ultrapassar esta situação. Depois no Inverno a questão vai ser diferente e temos de nos preocupar para isso. A infeção está aparentemente controlada no tempo, mas continuamos a ter um R0, uma taxa média de infetar outras pessoas, na base de um ponto, ou seja, uma pessoa infeta outra pessoa. É um valor que não sendo muito elevado, é elevado. É um valor a ter em consideração quando se iniciar a retoma porque teoricamente este valor devia estar perto dos 0,7 ou menos”, descreveu.

O bastonário da OM, que esta manhã entregou as primeiras câmaras de proteção dedicadas à entubação, de um total de 500 que vão ser distribuídas pelos hospitais do Serviço Nacional de Saúde, bem como por privados e estabelecimentos do setor social, explicou as diferenças entre máscara cirúrgica e máscara comunitária ou social, apontando que a “indústria portuguesa tem capacidade para produzir milhões de máscaras”, razão pela qual espera que “todos os cidadãos tenham acesso”.

A nossa indústria tem uma capacidade de adaptação extraordinária. Têm feito um esforço enorme para que Portugal cada vez mais dependa mais de si próprio e não dos outros. No dia a dia, para andar na rua, ir ao supermercado e estar em espaços públicos a máscara comunitária é suficiente. Nos hospitais e centros de saúde, claro que se vai manter a cirúrgica”, disse Miguel Guimarães.

Sobre as máscaras comunitárias, o bastonário descreveu que “devem ser feitas em algodão ou poliéster com duas ou três camadas ou até mais”, conforme, disse, instruções do Infarmed, sendo reutilizáveis e laváveis.

Questionado sobre se teme que, quando for levantado o estado de emergência, venha a ocorrer uma corrida à compra de máscaras que possa desfalcar os hospitais, Miguel Guimarães garantiu que felizmente o reabastecimento “está sempre a acontecer”, mas voltou a frisar a necessidade de informar bem as pessoas.