Foi uma das inúmeras questões levantadas na passada sexta-feira, quando o primeiro-ministro francês anunciou que todos os grandes eventos estavam suspensos no país até setembro: e o Tour?. Se o futebol e as restantes modalidades souberam de imediato que não iriam completar as respetivas temporadas — nem sequer com partidas à porta fechada –, a organização da maior prova de ciclismo do mundo ficou assolada por dúvidas.

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Isto porque, face ao cenário pandémico que ainda está a assolar a Europa, o Tour foi recentemente adiado: inicialmente agendado para arrancar no fim de junho, passou para o final de agosto. As novas datas indicam que a Volta a França vai começar no dia 29 de agosto e terminar no dia 20 de setembro, até decisão em contrário, e eram precisamente as etapas do final do mês de agosto que abriam a porta a muitas dúvidas — afinal, os eventos de massas só são permitidos a partir de setembro. Depressa se soube, contudo, que o governo francês iria abrir uma exceção, por se tratar de um período de poucos dias, e limitar-se a exigir que a prova decorresse sem público e com as condições de higienização asseguradas.

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Chris Froome, porém, tem muitas dúvidas sobre a possibilidade de a organização do Tour conseguir realizar as etapas sem qualquer público a assistir. O ciclista britânico, que na temporada passada falhou a prova depois de cair semanas antes da primeira etapa e sofrer três fraturas, está a preparar-se para regressar ao circuito que já venceu em quatro ocasiões (2013, 2015, 2016 e 2017) e questionou se será possível não ter qualquer pessoa a assistir à corrida.

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“A prova pode acontecer sem pessoas nas estradas e pode passar na televisão. Não vamos ter as mesmas imagens que teríamos, com túneis de pessoas e tudo o resto. Mas talvez seja essa a versão de corrida que precisamos de ver este ano. Em teoria, pode acontecer. Mas acho que a grande questão é se os organizadores vão conseguir impedir as pessoas de sair e de se juntarem em grandes multidões”, disse no Instagram ciclista da Ineos, a antiga Sky e equipa à qual também pertence o colombiano Egan Bernal, vencedor da última edição do Tour.

Também a própria Ineos já teve uma palavra a dizer sobre a segurança da Volta. Ainda em abril, ao The Guardian, o diretor Dave Brailsford garantiu que não vai hesitar em retirar os ciclistas da equipa do Tour se sentir que as precauções não estão a ser tomadas “de uma forma adequada, inteligente e responsável”. “Gostaríamos de reservar o direito de retirar a equipa se acharmos necessário. Enquanto a prova estiver em cima da mesa, planeamos participar, mas vamos igualmente monitorizar a evolução do panorama, como fizemos antes do Paris-Nice. É uma abordagem sensível, responsável e razoável”, disse Brailsford, recordando que a Ineos decidiu retirar-se de todas as competições ainda em março, quando a pandemia estava a acelerar na Europa.