Dois em cada três portugueses reduziram a intensidade e frequência dos treinos durante a quarentena, segundo um estudo que analisou o impacto da Covid-19 nos desportos ao ar livre e concluiu que 26% passaram a treinar em espaço fechado.

O estudo ibérico, que contou com a participação de investigadores da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa (Nova FCSH), concluiu que em Espanha a quebra foi ligeiramente inferior (63%) e que apenas 15% dos espanhóis (Portugal 16%) não sofreram qualquer alteração nos seus treinos.

O trabalho, a que a Lusa teve acesso, concluiu ainda que a grande maioria já sentiu o efeito das provas canceladas (90% em Portugal e 83% em Espanha), sobretudo ao nível dos impactos económicos (33% PT e 41% ES). O efeito mais referido é a não devolução dos valores pagos em inscrições (37% PT e 41% ES). Mais de um em cada quatro (26,2%) dos portugueses que participaram no estudo tiveram de comprar equipamento para manter os treinos.

Apesar das dificuldades, a grande maioria diz que não vai abandonar a prática desportiva (94% PT e 89% ES), embora pense introduzir alterações na forma como treina.

Dos cerca de 3 mil participantes no estudo, a maioria em Portugal, 22% dos portugueses consideram que a sua capacidade física será muito afetada (31% ES) e que o regresso à normalidade física precisará de quatro meses de treino (oito meses no caso das competições).

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Em ambos os países é manifestada preocupação com a exposição do perigo da Covid-19 durante as provas, o que, segundo os investigadores, deve levar as organizações a avançarem com alterações aos modelos convencionais.

Apesar da diferença do número de respostas entre Portugal e Espanha ser considerável e a maioria dos participantes ser maioritariamente dedicada à corrida, foram ultrapassados os números definidos para uma amostra mínima, sendo possível considerar que as principais conclusões deste inquérito se apliquem a outras atividades de ar livre de prática informal como o BTT, o Geocaching e a Escalada”, considera Rui Pedro Julião, docente da Nova FCSH e um dos responsáveis pelo estudo.

Portugal entrou no dia 3 de maio em situação de calamidade devido à pandemia, depois de três períodos consecutivos em estado de emergência desde 19 de março.

Esta nova fase de combate à Covid-19 prevê o confinamento obrigatório para pessoas doentes e em vigilância ativa, o dever geral de recolhimento domiciliário e o uso obrigatório de máscaras ou viseiras em transportes públicos, serviços de atendimento ao público, escolas e estabelecimentos comerciais.