Christian Brueckner, alemão suspeito  de estar envolvido no desaparecimento da criança inglesa Madeleine McCann em 2007 na Praia da Luz, no Algarve, chegou a ser condenado por desobediência e por furto em Portugal, em dois processos paralelos. A informação é dada pela Procuradoria da Comarca de Faro, órgão do Ministério Público.

Em comunicado publicado esta terça-feira no site oficial da Comarca de Faro do MP, as autoridades propõem-se a fazer um esclarecimento na sequência de “várias notícias que relacionam o cidadão alemão suspeito de intervenção no desaparecimento de Madeleine McCann com outros processos que correram termos na comarca de Faro”.

O Ministério Público refere que, pretendendo dar um “esclarecimento sobre a matéria”, tem vindo a “proceder a um levantamento” de informação. Com “os elementos disponíveis até ao momento”, conseguiu apurar que o suspeito, Christian Brueckner, “foi condenado por desobediência no âmbito do processo com o NUIPC 2/04.8FALGS e por furto no âmbito do processo com o NUIPC 38/06.4PBPTM”.

A Comarca de Faro do MP confirma ainda que chegaram a Portugal “pedidos de cooperação judiciária internacional” em que o nome do suspeito alemão é mencionado, cinco mais especificamente. Um refere-se a um processo que “correu termo contra desconhecidos”, arquivado em fevereiro de 2006, mas quatro “respeitam ao processo em que se investiga o desaparecimento de Madeleine McCann”.

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A investigação ao desaparecimento da criança inglesa na Praia da Luz foi arquivada em 2008, mas o processo foi reaberto em 2013, por terem surgido novos indícios que justificavam o prosseguimento da investigação.

Suspeito do caso Maddie pode estar envolvido em pelo menos mais três desaparecimentos por resolver

No final da última semana, o diretor-adjunto da Polícia Judiciária, Carlos Farinha, disse à Agência Lusa que não houve negligência na Polícia Judiciária ao não ter sido dada mais cedo relevância a referências a Christian Brueckner no processo de investigação a Maddie. “A falta de relevância que é atribuída à PJ em relação a Bruckner é a mesma que se pode atribuir à Scotland Yard ou à Metropolitan Police, pelo menos desde 2012, porque os dados que havia sobre o cidadão eram também do conhecimento deles”. Desde 2017, “têm-se adensado algumas suspeitas que infelizmente ainda não são suficientes para constituir arguido e acusação”, notou ainda.

Em tese tudo poderia ter sido diferente”, porém, “em 2007 [altura do desaparecimento de Maddie] e em 2012 não se sabia o que se soube em 2017 e os desenvolvimentos posteriores foram também fruto do cruzamento de informações com a PJ. Houve depoimentos obtidos na Alemanha e em Portugal”, defendeu Farinha.

Christian Bruckner, de 43 anos, está detido na Alemanha por ter violado uma mulher norte-americana de 72 anos em 2005 no Algarve, onde viveu entre 1995 e 2007.

A polícia alemã apreendeu os dois veículos associados a Brueckner na altura: uma carrinha da Volkswagen, modelo t3, de cores branca e amarela, e um Jaguar XJR dos anos 90, de cor escura. No entanto, de acordo com o que referia na semana passada a Sky News, não foram encontradas provas de que Maddie tenha estado em qualquer uma das viaturas, mas ainda estão a ser realizados mais testes.

A tese mais provável das autoridades alemães, que seguem a pista de Brueckner, é a de que Maddie esteja atualmente morta. “Acreditamos que Madeleine McCann está morta“, anunciou o Ministério Público alemão em conferência de imprensa, na qual foram revelados mais alguns detalhes sobre o suspeito: por exemplo, que o homem tinha vários empregos na altura em que a criança desapareceu, incluindo na restauração, e que chegou a cometer crimes, como roubos em hotéis e apartamentos e tráfico de drogas.

Hans Christian Wolters, porta-voz do MP alemão, notou aliás nessa mesma conferência de imprensa: “Estamos a falar de um predador sexual que já tinha sido condenado por crimes contra raparigas pequenas e que já está a cumprir uma longa pena”.

Maddie McCann. Suspeito chama-se Christian Brueckner e está a ser investigado por homicídio