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Florentino, o fantasma do Natal passado que apareceu no dia certo (a crónica do Benfica-V. Guimarães)

Este artigo tem mais de 3 anos

Florentino não jogava desde fevereiro e entrou à meia-hora para ser o ponto de viragem na exibição do Benfica. Equipa de Veríssimo venceu o Vitória, garantiu o segundo lugar e adiou festa do FC Porto.

Chiquinho abriu o marcador ainda na primeira parte depois de já ter protagonizado duas oportunidades nos minutos iniciais
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Chiquinho abriu o marcador ainda na primeira parte depois de já ter protagonizado duas oportunidades nos minutos iniciais

Gerardo Santos

Chiquinho abriu o marcador ainda na primeira parte depois de já ter protagonizado duas oportunidades nos minutos iniciais

Gerardo Santos

Dançar na corda bamba
Não é techno não é samba
É a dança do ter e não ter
É a dança da corda bamba

A música é dos Clã, com autoria partilhada com Carlos Tê, e completa este ano 20 anos de existência. Ironiza essa expressão tão portuguesa, de caminhar numa corda bamba, e coloca uma personagem invisível a dançar nessa mesma travessia instável. E dificilmente existia um refrão mais apropriado para descrever o jogo que o Benfica tinha de ultrapassar esta terça-feira.

Na Luz, no terceiro jogo de Nélson Veríssimo ao comando dos encarnados e depois de uma vitória e um empate, o Benfica recebia o V. Guimarães e estava totalmente obrigado a ganhar para evitar que o FC Porto fosse campeão ainda esta terça-feira, no sofá e sem precisar de jogar. A igualdade registada em Famalicão na semana passada deixava a equipa a dançar na corda bamba, à beira de perder o título para o principal rival e à beira de o deixar escapar pessoalmente, sem obrigar os dragões a aplicarem-se no Clássico com o Sporting.

Ficha de jogo

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Benfica-V. Guimarães, 2-0

32.ª jornada da Primeira Liga

Estádio da Luz, em Lisboa

Árbitro: Hugo Miguel (AF Lisboa)

Benfica: Vlachodimos, André Almeida, Rúben Dias, Jardel, Nuno Tavares, Weigl (Florentino, 33′), Gabriel, Chiquinho (Zivkovic, 88′), Pizzi (Rafa, 65′), Cervi (Jota, 88′), Carlos Vinícius (Seferovic, 65′)

Suplentes não utilizados: Zlobin, Dyego Sousa, Tomás Tavares, Ferro

Treinador: Nélson Veríssimo

V. Guimarães: Douglas, Sacko, Venâncio, Suliman (Pedro Henrique, 57′), Florent, André André, Mikel Agu (Pêpê, 73′), Poha (João Pedro, 84′), Marcus Edwards, Bruno Duarte, Ola John (Ouattara, 73′)

Suplentes não utilizados: Jhonatan, Victor Garcia, Rochinha, André Almeida, Abouchabaka

Treinador: Ivo Vieira

Golos: Chiquinho (37′), Seferovic (87′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Weigl (22′), a André Almeida (79′)

Tudo isto numa semana em que se conheceram as positivas conclusões do empréstimo obrigacionista lançado em junho mas onde esse mesmo empréstimo obrigacionista foi congelado pela CMVM — depois de Luís Filipe Vieira, com outras duas pessoas individuais e três coletivas, ter sido constituído arguido no âmbito do caso “Saco Azul”, que investiga alegados crimes de fraude fiscal. Com Vieira envolvido em casos de justiça, com o CEO Domingos Soares de Oliveira a negar qualquer contacto direto com Jorge Jesus mas com o treinador português cada vez mais perto de regressar à Luz, o Benfica entrava em campo desportivamente. O parâmetro que nesta reta final de temporada parece cada vez mais ser o menos importante no seio dos encarnados.

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Contra o V. Guimarães, Nélson Veríssimo repetia a equipa que empatou com o Famalicão na semana passada e só mudava uma peça, trocando Seferovic por Carlos Vinícius na frente do ataque. Do outro lado, Ivo Vieira repetia a equipa que perdeu com o Gil Vicente na sexta-feira, ao sofrer dois golos já nos descontos depois de ter estado a ganhar durante longos minutos. O Benfica procurou entrar com o controlo do jogo na mão e poderia até inaugurado o marcador ainda dentro dos primeiros 10 minutos, com Chiquinho a atirar por cima depois de Douglas afastar um cruzamento de André Almeida (7′).

A pressão embrionária do Benfica aliviou à passagem do primeiro quarto de hora, altura em que o V. Guimarães começou a provocar alguns erros de transição e passe para depois aproveitar o espaço nas costas dos jogadores encarnados. Num desses lances, e a confirmar o bom momento que atravessa, Marcus Edwards apareceu em velocidade no corredor direito para depois puxar para dentro e atirar certeiro à trave (19′). Com a equipa de Veríssimo mais desequilibrada, com um meio-campo muito volátil, o conjunto de Ivo Vieira estava a pressionar muito alto, com muitos elementos no setor intermédio para ficar sempre em superioridade numérica na hora da transição ofensiva. Os vimaranenses voltaram a ficar perto de marcar, através de um remate acrobático de Bruno Duarte que Vlachodimos conseguiu parar com uma grande defesa (23′), Chiquinho voltou a tentar assustar Douglas com um remate de fora de área que passou ao lado (25′) mas o jogo chegou à meia-hora sem remates enquadrados dos encarnados e com o V. Guimarães com cinco tentativas à baliza adversária.

Nesta altura, Nélson Veríssimo já tinha trocado Weigl por Florentino: o médio alemão viu cartão amarelo e estava muito suscetível a ver o segundo pouco depois, entre faltas na zona do meio-campo e muita passividade na contenção, e o treinador encarnado optou por jogar pelo seguro. O Benfica melhorou com a entrada do jovem médio português, que passou a oferecer mais soluções na zona média e a atuar mais perto de Chiquinho, anulando o enorme vácuo que até aí aparecia entre a fase de construção e a primeira linha do ataque. Florentino, que não jogava para a Liga desde novembro e não entrava em campo desde fevereiro, na Liga Europa, acabou por garantir uma maior sustentabilidade ao meio-campo encarnado, principalmente através de passes verticais à procura da profundidade, ao invés da mais frequente lateralização que é natural a Weigl.

Antes do intervalo, e um bocadinho contra o balanço global que se pode fazer da primeira parte, o Benfica acabou por chegar à vantagem por intermédio de Chiquinho, o principal inconformado da equipa que tinha protagonizado os únicos dois lances de perigo dos encarnados. Cervi, à entrada da grande área, conseguiu aguentar a carga e soltar para Nuno Tavares, que cruzou a partir da esquerda; Vinícius tentou dominar mas só ofereceu um ressalto a Chiquinho, que de primeira e já no interior da área atirou para abrir o marcador (37′). O Benfica ia para o intervalo a ganhar, com um resultado que adiava o título do FC Porto, mas o V. Guimarães tinha sido a equipa mais perigosa e mais global da primeira parte, prometendo um segundo tempo difícil para o conjunto de Veríssimo.

[Carregue nas imagens para ver alguns dos melhores momentos do Benfica-V. Guimarães:]

A segunda parte começou morna, com o jogo muito dividido na zona do meio-campo e com poucas aproximações às balizas. Nuno Tavares procurou surpreender Douglas com um remate de muito longe que passou por cima (48′), Ivo Vieira mexeu pela primeira vez ao trocar Suliman por Pedro Henrique e Gabriel teve nos pés uma boa oportunidade para aumentar a vantagem encarnada, com ao atirar ao lado de fora de área depois de uma grande jogada do Benfica pela direita (58′). A equipa de Nélson Veríssimo parecia estar em modo gestão de resultado e assentava, para isso mesmo, na boa exibição de Florentino, que voltava aos relvados cinco meses depois com um acerto acima da média e a servir enquanto equilíbrio perfeito entre a defesa e o ataque. Para isso, basta olhar para um dado bastante evidente: até aos 70 minutos e desde a entrada do médio português, o V. Guimarães não voltou a rematar, sendo que levava oito remates até então.

Apesar de não ter tido tanta presença no último terço adversário, o Benfica apresentou-se muito mais pressionante e concentrado no segundo tempo. Veríssimo tirou Pizzi e Vinícius para lançar Rafa e Seferovic e refrescar as transições da equipa mas o V. Guimarães acabou por dominar os últimos 20 minutos da partida, também graças à mobilidade que as entradas de Ouattara e Pêpê vieram oferecer. Ainda assim, e ao contrário do que aconteceu na semana passada contra o Famalicão, o Benfica conseguiu segurar a vantagem e chegou até ao segundo golo, por intermédio de Seferovic, que concretizou de primeira uma jogada rendilhada dos encarnados (87′).

O Benfica cumpriu a própria tarefa, manteve-se em pé a dançar da corda bamba e adiou, pelo menos até esta quarta-feira, a confirmação do título do FC Porto, que tem agora de pontuar no Dragão frente ao Sporting para ser campeão nacional ainda esta jornada. Além disso, os encarnados voltaram as vitórias, confirmaram matematicamente o segundo lugar e o apuramento para a Liga dos Campeões e deixaram o V. Guimarães teoricamente afastado da última vaga europeia, já distante do Famalicão e do Rio Ave. A par de Cervi, Jardel e Chiquinho, três dos elementos fulcrais da vitória do Benfica, Florentino acabou por ser o elemento decisivo no resultado: desde a entrada na primeira parte para segurar o meio-campo e blindar o último terço, os passes verticais que Weigl não faz e a estabilidade que a equipa não teve na meia-hora inicial. O jovem médio, que não jogava desde fevereiro, não atuava na Liga desde novembro mas foi uma das peças importantes na temporada passada ainda com Bruno Lage, acabou por ser o fantasma do Natal passado que apareceu no dia certo.

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