O ex-embaixador do Vaticano em França, Dom Luigi Ventura, vai ser julgado por “agressões sexuais” em Paris a 10 de novembro, avançou esta quinta-feira a agência francesa France-Presse (AFP).

Visado pelas queixas de quatro homens, dos quais três o acusam de contactos sexuais, o antigo núncio apostólico italiano, que nega os fatos, viu a imunidade diplomática levantada pela Santa Sé em julho de 2019, o que tornou possíveis eventuais processos judiciais neste caso.

No final do inquérito, a procuradoria de Paris enviou uma intimação ao bispo, de 75 anos, para ser julgado por um tribunal criminal de Paris, afirmou o Ministério Público citado pela AFP. “Vai ser presente a audiência. Ele estava à espera desta audiência para defender a sua honra e inocência”, declarou o advogado de Luigi Ventura, enfatizando que o seu cliente “participou espontaneamente na investigação e aceitou a audiência e o confronto”.

Por seu lado, Jade Dousselin, advogada que defende um dos queixosos afirmou que a ida a julgamento “é uma vitória”. “A procuradoria valida o que dissemos desde o início e reforça as vítimas na sua abordagem à denúncia e no fato de que a impunidade não pode perdurar”, afirmou.

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O caso surgiu em fevereiro de 2019, com a revelação da abertura de um inquérito pela procuradoria de Paris, no contexto de vários escândalos sexuais que afetam a Igreja católica.

O presidente da Câmara de Paris já tinha denunciado à procuradoria que um jovem do executivo municipal se havia queixado do toque repetido no núncio apostólico — com as “mãos nas nádegas” — durante uma cerimónia, em janeiro. Outros dois queixosos apresentaram-se e relataram fatos semelhantes, em 2018. Os três homens foram ouvidos pelos investigadores e uma quarta queixa foi apresentada por outro. Em maio de 2019, o bispo Ventura foi confrontado por vários desses queixosos.

Diplomata de carreira do Vaticano, o bispo ocupava o cargo de núncio apostólico desde 2009 em Paris. Como tal, estava encarregado das relações da Santa Sé com as autoridades francesas, por um lado, e com os bispos franceses, por outro. Em dezembro, a nunciatura apostólica anunciou que o Papa Francisco havia aceitado a sua renúncia por “limite de idade”.