A agência russa que esteve por detrás das interferências nas eleições norte-americanas de 2016 criou um jornal online falso, com uma linha editorial à esquerda, revelou o Facebook na terça-feira. Essa publicação tinha na sua ficha técnica editores — também eles falsos –, cujas fotografias eram criadas por sistemas de inteligência artificial, e contratava jornalistas freelancers (reais) para escreverem.

A publicação fazia parte de uma nova manobra de influência que foi detetada e removida pelo Facebook. Muitas das personagens falsas envolvidas nesta publicação tinham inclusive perfis nas redes sociais Twitter e LinkedIn.

Nathaniel Gleicher, responsável pela política de segurança do Facebook, explicou que a operação da Internet Research Agency (IRA) ainda estava no início quando foi detetada, graças à colaboração do FBI, a polícia federal norte-americana. No entanto, já contava com 13 contas e duas páginas, somando um total de 14 mil seguidores, conta o The Guardian.

“Esforçaram-se bastante para criar personagens fictícias elaboradas, tentando fazer com que as contas falsas parecessem o mais reais possível”, disse Gleicher.

Já nesta quinta-feira, Mark Zuckerberg anunciou que vai bloquear a publicação de novos anúncios e mensagens políticas nas páginas sobre as eleições presidenciais norte-americanas, que vão ocorrer a 3 de novembro.

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Fake News. Facebook bloqueia mensagens políticas antes das eleições nos EUA

“Vamos bloquear qualquer novo anúncio político durante a última semana da campanha (eleitoral nos EUA). É importante que as campanhas possam continuar a lançar apelos ao voto, e geralmente acredito que o melhor antídoto para mau discurso é mais discurso, mas nos últimos dias de uma eleição pode não haver tempo para contestar novas alegações“, explicou Zuckerberg numa longa publicação na rede que fundou.

As contas e páginas de Facebook estavam ligadas a um site designado por PeaceData.net, que dizia ser uma “organização global de notícias”, mas que tinha editores fictícios. Muito do seu conteúdo era copiado de outros sites, apesar de alguns textos serem de jornalistas freelancers. Entre os temas abordados pelo site estava o conflito armado, o abuso dos direitos humanos, corrupção, ambiente, a WikiLeaks, entre outros.

Ao The Guardian, os jornalistas que escreveram as peças contaram que foram abordados por um dos tais editores (falsos) no Twitter, pelo LinkedIn ou por email com propostas monetárias em troca de trabalhos. Só souberam do teor do site e das contas falsas quando o Facebook divulgou o relatório.