A maioria das empresas (80%) diz que não vai cortar salários este ano devido ao impacto da pandemia, mas quase um quinto (19%) admite reduzir o número de trabalhadores, revela o estudo “Total Compensation” esta quarta-feira divulgado pela Mercer.
Segundo o estudo da consultora, cuja edição deste ano inclui um capítulo especial dedicado ao impacto da pandemia de Covid-19, “a grande maioria das empresas, cerca de 80%, não implementou nem considera implementar reduções salariais em 2020”.
O estudo, que analisou 140.000 postos de trabalho em 466 empresas no mercado português, adianta que em 2019 apenas 3% das empresas consideravam congelar salários, mas esta percentagem subiu para 11% em abril/maio e passou para 17% em julho devido ao impacto da Covid-19 na economia.
A previsão para 2021 é de “um ligeiro abrandamento ao nível dos incrementos salariais, perspetivando-se o congelamento salarial em algumas das empresas inquiridas”, pode ler-se no estudo.
Segundo Tiago Borges, da Mercer, “congelar salários e contratações são exemplos das medidas mais duras, mas, numa perspetiva positiva, a grande maioria das empresas não prevê diminuir o seu headcount [número de postos de trabalho] nem prevê recorrer a reduções salariais”.
Quase um quinto das empresas participantes no estudo (19%) admite diminuir o número de trabalhadores, mas mais de metade (58%) afirma não ter qualquer plano de alteração ao nível do headcount, indica o estudo.
Quanto às intenções de contratação, 46% das empresas mantiveram os seus planos para 2020, enquanto 39% indicaram ter optado pelo congelamento das contratações e 13,5% por diminuir o seu número.
Os dados recolhidos antes da pandemia mostravam que cerca de 36% das empresas pretendiam aumentar o número de trabalhadores em 2020 e cerca de 39% em 2021.
Apesar de a grande maioria das empresas não ter implementado nem vá implementar reduções salariais em 2020, 44% das empresas dizem que ainda é cedo para prever se o pagamento da remuneração variável e de bónus/incentivos de curto prazo será superior ou inferior ao realizado relativamente ao desempenho de 2019, com 23% a anteciparem que a expectativa é de que esse valor seja inferior.
Ainda sobre estes pagamentos, 92% das empresas afirmam, por sua vez, ter pago os montantes relativos ao desempenho de 2019 de acordo com o previsto.
Quase metade das empresas (45%) indica que a pandemia teve impacto ao nível dos aumentos salariais previstos para 2020, tendo a maioria sido adiada e os restantes revistos ou congelados.
O estudo refere ainda que o teletrabalho e a adoção de práticas de trabalho flexível foram implementados “pela quase totalidade das empresas respondentes” durante a pandemia.
A maioria das empresas afirma acreditar que o recurso a modalidades de trabalho flexível será frequente, mesmo no pós-pandemia”, sublinha a consultora.
O teletrabalho é uma modalidade “tendencialmente aplicada de forma transversal nas organizações em funções não relacionadas com a produção — a percentagem média da força de trabalho a trabalhar remotamente ronda os 90%”, pode ler-se no estudo.
Quase metade (49%) das empresas inquiridas refere que irá manter o trabalho remoto por tempo indeterminado e 39% até que a situação melhore significativamente.
Cerca de metade (45%) das empresas disponibilizam aos colaboradores que trabalham à distância ferramentas de apoio como computador portátil, telemóvel, acesso a formação externa online ou mobiliário de escritório.
Quanto ao trabalho flexível, 77% das empresas dizem ter adotado esta modalidade, tendo como práticas mais frequentemente adotadas os horários de trabalho flexíveis ou a possibilidade de escolher trabalhar a partir de casa ou do escritório.