O presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos de Escolas Públicas (ANDAEP) apelou esta segunda-feira ao governo para que disponibilize mais assistentes operacionais, lembrando que o alargamento do horário escolar e a higienização dos espaços exigirá mais dos funcionários.

“Deve reconhecer-se que este Ministério da Educação colocou nas escolas mais funcionários (recentemente), mas este é um problema estrutural de há muito tempo”, disse Filinto Lima, dirigindo o apelo também ao Ministério das Finanças.

O presidente da ANDAEP lembrou que, devido às restrições impostas pela pandemia de Covid-19, os horários vão ser alargados e a limpeza exige mais trabalho: “São necessárias mais algumas centenas de funcionários”, afimou.

O presidente da ANDAEP falava aos jornalistas à porta da Escola Básica Dr. Costa Matos, em Vila Nova de Gaia, na qual é diretor, e ao lado do secretário-geral da Federação Nacional da Educação (FNE), João Dias da Silva, e do presidente do conselho executivo da Confederação Nacional das Associações de Pais (CONFAP), Jorge Ascenção, numa iniciativa conjunta que descreveram como simbólica para assinalar a abertura das atividades letivas do ano 2020/2021.

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Questionado se a falta de assistentes operacionais pode comprometer a higienização das escolas, Filinto Lima disse “não crer que isso possa acontecer”, apesar de ter ressalvado a necessidade de mais funcionários e ter aproveitado para apelar ao “bom comportamento cívico” dos alunos.

“As crianças do pré-escolar e os alunos do secundário (em maio e junho) tiveram consciência cívica. Às vezes comparo com o que vejo no exterior, com os adultos (…). Os nossos alunos têm um bom comportamento, poderá haver uma ou outra situação, mas estou confiante que irão cumprir as regras. Gostaria que a sociedade tivesse o mesmo grau de exigência que vamos ter dentro da escola e o mesmo grau de cumprimento que penso que vai ser adotado pelos nossos alunos e pelos nossos funcionários e pelos nossos professores”, disse.

Filinto Lima contou que a escola de Gaia, no distrito do Porto, que dirige abre quinta-feira e descreveu as alterações que foram introduzidas devido às contingências da pandemia da Covid-19, nomeadamente a criação de circuitos de circulação, a maior parte de sentido único para evitar cruzamentos.

Já para evitar ajuntamentos alguns espaços serão de lotação limitada como o bar, a biblioteca e as salas de informática.

Os intervalos serão menores e horário de funcionamento geral da escola aumentado, uma vez que se antes a Escola Básica Dr. Costa Matos abria às 8h15 e fechava às 18h00, agora abrirá às 8h00 e encerrará às 18h30.

“Os nossos alunos quando cá chegarem na quinta-feira vão notar grandes diferenças. Por exemplo à entrada vai ser oferecida a cada aluno uma máscara adquirida, entre outros produtos de higienização, com reforço do orçamento pelo Ministério de Educação”, disse o presidente da ANDAEP.

A máscara será de uso obrigatório: “É bom que os pais saibam que não é apenas na sala de aula. Sem esta máscara o aluno não pode entrar na escola e terá falta de material tal como quando se esquece de um manual escolar”, sublinhou.

Quanto à higienização dos espaços, o diretor aproveitou para retomar a reivindicação de mais assistentes operacionais, lembrando que estes terão uma tarefa essencial e “mais profícua” no que diz respeito à desinfeção e limpeza.

“Há uma sala de aula para cada turma. Os alunos não limpam. Ajudam muito se não sujarem. São os funcionários que higienizam, embora os professores se tenham prontificado a higienizar os seus locais de trabalho”, disse Filinto Lima.

Por fim, citando o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, o líder da ANDAEP disse que “é necessário encarar este ano (letivo) como muita humildade”, porque se adivinha “muito difícil para todos”.

“Teremos a humildade de retificar algo que ocorra menos bem. Esperamos que os pais também façam, em casa, uma sensibilização aos seus alunos para que os seus comportamentos em contexto de escola sejam diferentes”, concluiu.

A pandemia de Covid-19 já provocou mais de 921 mil mortos no mundo desde dezembro do ano passado, incluindo 1.867 em Portugal.