O Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente (GEOTA) defendeu esta quinta-feira que é necessário repensar todo o modelo de consumo de água para fazer face à escassez de um recurso natural vital e limitado.

“Construir barragens não irá resolver o problema da escassez de água”, afirmou esta quinta-feira o grupo, em comunicado, por ocasião do Dia Nacional da Água.

A rotatividade das culturas e espécies autóctones está entre as soluções apontadas pelo GEOTA, segundo o qual Portugal é um dos países com “elevado risco de escassez de água” e onde cerca de 75% é utilizada na agricultura e pecuária.

Para o GEOTA, grande parte do problema passa pela “gestão comercial da água”, para fins de irrigação.

“Se não existir um maior índice de precipitação, algo que não controlamos, e não tivermos a capacidade de preservar a água que temos disponível, construir mais barragens não irá resolver o problema, mas sim criar outros igualmente graves“, alertou a organização, sugerindo que as culturas sejam mais adaptadas às condições meteorológicas do território português.

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As grandes culturas intensivas que hoje predominam, como o olival, o amendoal irrigado ou os cereais de regadio, são responsáveis pelo consumo de grandes quantidades de água e a destruição da fertilidade dos solos”, lê-se no documento.

O GEOTA sustenta que deve ser feita uma aposta no cultivo de espécies autóctones que não exigem irrigação, tais como a bolota, por forma a assegurar a regeneração dos solos.

Reiterou ainda que estão a ser postas em causa dezenas de espécies selvagens pela construção de barragens, algumas das quais em elevado risco de extinção, como o mexilhão-de-rio, a lampreia, o salmão e a enguia.

Da mesma forma, considerou, é também afetado o habitat de espécies emblemáticas como a águia-real e o lobo-ibérico.

“Além disso, das 152 barreiras visitadas no Douro, verificou-se que mais de 25% estão total ou parcialmente destruídas ou abandonadas, não tendo qualquer propósito funcional”, critica o grupo de defesa do ambiente, remetendo para um estudo divulgado este ano pela Rede Douro Vivo, projeto que lidera em parceria com outras instituições.