A Iniciativa Liberal manifestou-se esta quarta-feira totalmente contra a obrigatoriedade do uso de aplicações de telemóvel como a “stayaway covid”, garantindo que tudo fará para que seja declarada a sua inconstitucionalidade caso a proposta de lei do Governo o imponha.

O primeiro-ministro, António Costa, anunciou esta quarta-feira que o Governo vai apresentar ao parlamento uma proposta de lei para que seja obrigatório quer o uso de máscara na via pública quer a utilização da aplicação “stayaway covid” em contexto laboral, escolar, académico, bem como nas Forças Armadas, Forças de Segurança e na administração pública.

Numa nota enviada à agência Lusa, a Iniciativa Liberal “demonstra a sua total oposição à intenção do primeiro-ministro de tornar obrigatório em diversos contextos sociais e laborais, que são praticamente todos da vida diária fora de casa, a utilização da aplicação ‘stayaway covid’ nos telemóveis dos portugueses”.

“Se a proposta chegar ao Parlamento, a Iniciativa Liberal tem a firme intenção de, por todos os meios legais e parlamentares, obter a declaração da óbvia inconstitucionalidade desta medida”, antecipa.

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Na perspetiva do deputado único da Iniciativa Liberal, João Cotrim Figueiredo, “qualquer medida de imposição por parte do Estado do uso de uma aplicação nos telemóveis dos portugueses é totalmente inconstitucional”.

“Para a Iniciativa Liberal, a instalação de aplicações ou ferramentas similares só é admissível se tiver caráter voluntário e ser fruto de uma decisão livre e informada de cada pessoa”, defende.

Os liberais criticam ainda que o facto de António Costa estar a tentar lavar “as suas mãos, dizendo que faz tudo o que os médicos de saúde pública dizem, como se tivessem todos a mesma opinião”.

“Ou seja, sobrepõe o técnico ao político para que, se algo correr mesmo mal, a culpa seja dos médicos, do clima, ou qualquer outro bode expiatório, mas nunca dele”, condena.

A Iniciativa Liberal recorda ainda que foi o único partido que rejeitou todas as renovações do Estado de Emergência, “ao abrigo do qual se pretendiam suspender os direitos e liberdades fundamentais dos cidadãos”.

O medo nunca é boa política e a IL nunca aceitará que a utilização de poderes excecionais, presidenciais ou do Governo, sirvam para mascarar a incompetência do governo. Mais ainda, a IL não aceitará conferir poderes vagos e vastos a quem não é merecedor de confiança de que deles não abusará, avisa.

Em conferência de imprensa após o Conselho de Ministros no qual foi decidido elevar para a situação de calamidade o território nacional devido à pandemia, António Costa anunciou um conjunto de medidas para conter a expansão da pandemia de Covid-19.

“Apresentar à Assembleia da República uma proposta de lei a que solicitaremos uma tramitação de urgência para que seja imposta a obrigatoriedade de uso da máscara na via pública – com o óbvio bom senso de só nos momentos em que há mais pessoas na via pública – e também da utilização da aplicação stayaway covid em contexto laboral, escolar e académico, nas Forças Armadas e nas Forças de Segurança e no conjunto da administração pública”, anunciou então.

De acordo com o primeiro-ministro, o Governo vai entregar esta proposta de lei “ou hoje ao fim do dia ou amanhã de manhã”.

“Iremos solicitar a sua tramitação com urgência e a necessidade que existe é no fundo esta aplicação existir em todos os locais onde há grandes ajuntamentos de pessoas por um período prologado”, explicou, considerando que esta é uma medida fundamental para que as pessoas se possam ajudar umas às outras.