Cristiano Ronaldo chegou como um menino de 17 anos a Old Trafford em 2003 mas saiu já mais amadurecido seis anos depois com um total de nove títulos conquistados, entre os quais uma Champions, um Mundial de Clubes e três Premiers entre a conquista da Bola de Ouro na época em que se sagrou campeão europeu. Bateu recordes no clube, superou o registo da transferência mais cara do futebol quando rumou a Madrid. O avançado ganhou tudo o que havia para ganhar, escreveu uma história ainda hoje recordada em Manchester mas nunca chegou a envergar a braçadeira de capitão. Aliás, nunca um português liderou em campo os red devils. Até agora.

Bruno decide goleada do Manchester United com golo e assistência. A única notícia foi mesmo ter falhado um penálti

“Lesionei-me um ano depois de me terem nomeado capitão e isso tornou-se difícil para mim. Sentia que não estava a contribuir como um capitão. Por isso, numa pré-época falei com Sir Alex [Ferguson] sobre o assunto. Tínhamos uma equipa incrível: Ronaldo, Rooney, Tevez, Giggs, Scholes, Carrick, Rio Ferdinand, Vidic, Evra, Edwin Van der Sar. Grandes jogadores com grandes personalidades. Disse-lhe: ‘Não me sinto merecedor desta braçadeira, esta equipa tem um nível com o qual não consigo competir’. Ele respondeu: ‘Filho, ficas com a braçadeira. Rodas com o Giggs. Se eu a der ao Ronaldo, o Rooney vai espernear; se a der ao Vidic, o Ferdinand não vai ficar satisfeito'”, contou este ano Gary Neville numa entrevista à Sky Sports, justificando a não liderança do português.

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Já depois de nomes grandes da história do Manchester United como Bryan Robson, Steve Bruce, Eric Cantona ou Roy Keane terem sido capitães, Vidic, Rooney e Carrick ainda ocuparam o “cargo” após a saída de Gary Neville, antes de Harry Maguire chegar e liderar a equipa entre passagens por Valencia e Ashley Young. Agora, com a lesão do central mais caro de sempre contratado em 2019 ao Leicester, existia a dúvida de quem iria suceder no encontro em França frente ao PSG mas a resposta foi dada pelo próprio treinador, Solskjaer, na conferência.

Capitão? O capitão está sentado ao meu lado, Bruno Fernandes vai ser o capitão amanhã. Ele chegou e teve um grande impacto, como mostram todas as estatísticas. As performances dele têm recebido muitos elogios. Não mudou a equipa, fê-la crescer”, salientou o técnico norueguês.

“Não esperava isto, soube ao mesmo tempo que vocês [jornalistas]… É uma honra e uma realização importante. O capitão tem de ajudar, ser um líder. A liderança é diferente em todos os jogadores. Não é sobre mim mas sim sobre a equipa. Penso que tenho vindo a jogar bem ao longo dos últimos meses mas quero sempre evoluir e melhorar. Os meus números são bons mas tenho a certeza que irei fazer ainda melhor”, disse o médio.

De recordar que Bruno Fernandes voltou a ser determinante na goleada do Manchester United com o Newcastle, redimindo-se de uma grande penalidade falhada (a primeira na 11.ª tentativa em Inglaterra) com um golo e uma assistência na parte final do encontro já depois de ter visto um golo anulado por posição irregular de Juan Mata. Antes, ainda na Seleção e após a partida com a Suécia, o médio tinha negado qualquer problema com o técnico, como foi levantado pela imprensa britânica. “Ultimamente tem-se especulado muita coisa em relação ao que se passa no Manchester United. Primeiro foi uma discussão com os companheiros de equipa, como isso não colou foi com um companheiro só [Lindelöf], como isso também não colou agora é com o Solskjaer. Acredito que é uma forma de desestabilizar um bocadinho o grupo”, referiu o internacional português à SportTV.

Bruno Fernandes acaba época com 12 golos e oito assistências em 22 jogos mas foi a discussão acesa com Lindelöf que ficou como última imagem

“Aquilo que foi dito em nada é verdade, até porque fui substituído ao intervalo por opção técnica. O treinador disse-me que o jogo estava acabado e que teríamos muitos mais pela frente. Compreendi, claro que não fiquei satisfeito em sair, mas em nada naquele momento falei ou disse qualquer coisa que pudesse prejudicar o grupo. Até depois do jogo o treinador mandou-me uma mensagem a desejar boa sorte para a Seleção. Perguntou-me [no balneário], a mim e a mais dois ou três jogadores, se achávamos que tínhamos necessidade de dar uma palavra à equipa, de apoio, de suporte, ninguém quis falar porque o momento não era o melhor”, acrescentou.

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