A temporada do Manchester United tem sido uma autêntica montanha-russa. Começou mal, ficou melhor, teve um tropeção grande no momento da eliminação das competições europeias e voltou a tornar-se mais positiva antes de congelar novamente. Pelo meio, de forma natural, a ideia da continuidade de Erik ten Hag tem tido os mesmos altos e baixos, entre alturas em que parece certo que o treinador vai continuar e alturas em que parece óbvio que será despedido.

Ainda assim, e mesmo já sem objetivos concretos na Premier League e o apuramento direto para as competições europeias já muito longínquo, o Manchester United ainda tinha a possibilidade de dar um tom positivo à época. Nas meias-finais da Taça de Inglaterra, a equipa de Erik ten Hag tinha a hipótese de disputar um troféu e lutar por uma conquista que escapa desde 2016 — para isso, porém, era preciso eliminar um esperançoso Coventry que sonhava com a reedição do conto de fadas de 1987, o único ano em que ganhou a Taça.

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“Não gasto energia com as críticas, não gasto energia a pensar se sou julgado de forma justa ou não. Sei o trabalho que estamos a fazer, sei o porquê de estar aqui, sei que é para conquistar troféus, para criar valor económico. Estamos a trabalhar nas duas coisas e é normal existirem obstáculos nesse processo. Olho para o contexto e consigo ver tudo isso, de forma realista. Mas não posso ficar incomodado com os comentários, não posso ser emocional”, disse o treinador neerlandês, que vinha de quatro jogos consecutivos sem ganhar, na antevisão da meia-final deste domingo.

Assim, Ten Hag lançava os habituais Garnacho, Bruno Fernandes e Rashford nas costas de Højlund, com Casemiro a ser adaptado a central e McTominay a ocupar o lugar do brasileiro no meio-campo e ao lado de Mainoo, sendo que Diogo Dalot também começava de início. Do outro lado, num Coventry que está no oitavo lugar do Championship, Haji Wright e Ellis Simms eram as principais referências ofensivas. Com a presença já garantida na final da Taça de Inglaterra, diga-se, estava o Manchester City, que este sábado eliminou o Chelsea e carimbou o apuramento depois de ter conquistado o troféu na época passada e precisamente perante os red devils.

Em Wembley, o Manchester United abriu o marcador ainda antes da meia-hora: Dalot recebeu na direita, tirou um cruzamento tenso e rasteiro para a grande área e McTominay apareceu a desviar para bater Bradley Collins (23′). Já nos descontos, mesmo à beira do intervalo e na sequência de um canto cobrado por Bruno Fernandes, Harry Maguire ganhou a toda a gente nas alturas e cabeceou para aumentar a vantagem e levar os red devils para um intervalo tranquilo (45+1′).

Ninguém fez substituições ao intervalo e o Manchester United precisou de pouco mais de 10 minutos para chegar ao terceiro golo, com Bruno Fernandes a aproveitar a desorganização defensiva do Coventry para rematar cruzado na área e deixar a meia-final aparentemente resolvida (58′). Mark Robins reagiu com uma tripla alteração, lançando Fábio Tavares, Luis Binks e Victor Torp, e Ten Hag respondeu com a entrada de Antony para o lugar de Garnacho.

Mas o panorama começou a mudar a 20 minutos do fim. Na sequência de uma boa incursão de Fábio Tavares na direita, Ellis Simms apareceu completamente sozinho na área e rematou para reduzir a desvantagem do Coventry (71′), colocando alguns pontos de interrogação no apuramento. Menos de 10 minutos depois, a interrogação tornou-se uma enorme dúvida: Callum O’Hare atirou de fora de área, aproveitou um desvio de Wan-Bissaka e traiu Onana, que nada conseguiu fazer (79′).

A cerca de 10 minutos do fim, o Coventry estava a beneficiar da desconcentração do Manchester United depois do terceiro golo e à procura do empate — alavancando-se no apoio dos adeptos, que iam dominando as bancadas de Wembley. Nos descontos, aconteceu o que parecia impossível: Wan-Bissaka tocou a bola com o braço na área do Manchester United e Haji Wright, na conversão da grande penalidade, empatou tudo (90+5′) e levou a meia-final para um prolongamento que meia-hora antes era totalmente improvável.

Na meia-hora extra, Bruno Fernandes teve uma enorme oportunidade para voltar a marcar com um pontapé de fora de área que acertou em cheio na trave (94′) e Ellis Simms fez exatamente o mesmo com um remate na cara de Onana (116′), mas ninguém conseguiu desbloquear o empate e o jogo seguiu mesmo para as grandes penalidades já depois de Victor Torp marcar e ver o golo ser anulado por fora de jogo (120+1′).

Nos penáltis, Casemiro falhou desde logo a primeira oportunidade, O’Hare permitiu a defesa de Onana do outro lado e o capitão Ben Sheaf não acertou na baliza logo a seguir, carimbando a derrota do Coventry e o apuramento do Manchester United. No fim, com muito sofrimento à mistura e depois de desperdiçar uma vantagem de três golos já na segunda parte, a equipa de Erik ten Hag está mesmo na final da Taça de Inglaterra e vai reeditar o duelo da época passada, contra o Manchester City.