A corrida pela conquista da Premier League tem três velocistas, está ao rubro e não tem um desfecho previsível. Este domingo, o Liverpool visitava o Manchester United num Clássico que era muito mais do que isso: era obrigatoriamente uma resposta da equipa de Jürgen Klopp às vitórias de Arsenal e Manchester City, no dia anterior, de forma a recuperar a liderança isolada da liga inglesa.

Ainda assim, não deixava de ser um Clássico. Já longe da zona de apuramento para as competições europeias, o Manchester United olha para a reta final da temporada com o objetivo de vencer o máximo de jogos e não deixar fugir o 6.º lugar. A permanência de Erik ten Hag já não é um cenário assim tão improvável, até porque o treinador neerlandês foi conquistando uma opinião mais consensual com o passar do tempo, e em Old Trafford reina a ideia de que a próxima época já está a começar através do final da atual. E era isso que também se jogava este domingo e contra o Liverpool.

“Esta semana perdemos cinco pontos nos descontos e isso custou-nos caro. Os pontos estão a ficar cada vez mais caros, porque os jogos também estão a chegar ao fim e nós temos essa noção. Temos de apanhar o ritmo e sabemos a quantos pontos estamos da Europa. Será difícil, mas vamos continuar a lutar e tenho a certeza de que conseguem ver a nossa personalidade. São resilientes, dão o exemplo, e tenho a certeza de que vão dar luta ao Liverpool”, disse Ten Hag na antevisão da partida, recordando que os red devils vinham de um empate com o Brentford e uma derrota com o Chelsea.

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Do outro lado, novamente, o objetivo era simples: ganhar e voltar a ficar na liderança isolada da Premier League com mais dois pontos do que o Arsenal e mais três do que o Manchester City. Com a Taça da Liga já conquistada, ainda na Liga Europa e fora da Taça de Inglaterra, Jürgen Klopp ainda alimenta o sonho de se despedir de Anfield com três títulos e uma temporada que é o exemplo maior de tudo aquilo que fez, construiu e mudou no clube.

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“É assim que as coisas funcionam na Premier League. São corridas renhidas e esta também será. Portanto, se existe uma corrida renhida o melhor sítio onde podes estar é lá dentro. Nós estamos lá dentro e isso é bom. Vamos continuar a lutar, é o que é. Claro que o próximo jogo é muito importante, como todos são. Estamos preparados e queremos continuar na corrida”, explicou o treinador alemão, que não deixou de recordar que o Liverpool foi eliminado pelo Manchester United nos quartos de final da Taça há menos de um mês.

Assim, Ten Hag lançava Garnacho, Bruno Fernandes e Rashford no apoio a Højlund, com Casemiro e Kobbie Mainoo no meio-campo e Diogo Dalot na direita da defesa, e era forçado a colocar o jovem Willy Kambwala ao lado de Harry Maguire por não ter outro central. Do outro lado, Klopp apostava nos crónicos Luis Díaz, Darwin e Salah, com Mac Allister, Endo e Szoboszlai no setor intermédio, e também tinha o jovem Jarell Quansah no eixo defensivo e ao lado de Van Dijk.

O jogo começou animado, com Garnacho a colocar a bola no fundo da baliza, mas o golo a ser anulado por fora de jogo (2′), e Szoboszlai a forçar Onana a uma defesa apertada logo depois (3′). O Liverpool respondeu a um ascendente do Manchester United que se prolongou durante o primeiro quarto de hora e acabou por conseguir chegar à vantagem ainda antes da meia-hora: canto na direita, desvio de cabeça de Darwin e Luis Díaz, completamente sozinho ao segundo poste, atirou de forma acrobática para abrir o marcador (23′).

O resultado não voltou a alterar-se até ao intervalo, mas transparecia a ideia clara de que os reds tinham o jogo completamente na mão e de que a vantagem magra era mais um sinal de ineficácia do que de qualidade dos red devils. Essa sensação, porém, não demorou a mudar. Quansah falhou um passe no meio-campo defensivo do Liverpool e Bruno Fernandes rematou do meio da rua, aproveitando o adiantamento de Kelleher, para empatar ainda no início da segunda parte (50′).

Klopp mexeu já depois da hora de jogo, lançando Joe Gomez e Curtis Jones, e Ten Hag respondeu com Antony. Logo depois, aconteceu o que na primeira parte parecia impensável: Garnacho recebeu na esquerda, combinou com Wan-Bissaka e viu Mainoo, com um remate perfeito à meia-volta, surpreender Kelleher e carimbar a reviravolta (67′). Gakpo e Harvey Elliott entraram nos reds logo a seguir e, já dentro dos últimos 10 minutos, Salah empatou de penálti (84′).

Já nada mudou até ao fim e Manchester United e Liverpool empataram em Old Trafford, com os red devils a somarem a terceira jornada consecutiva sem ganhar e os reds a ficarem agora em igualdade pontual com o Arsenal na liderança da Premier League, ambos com mais um ponto do que o Manchester City.