Não importa se vive no norte, centro ou sul de Portugal, se num concelho de risco e se não é idoso. O risco de ser infetado pelo novo coronavírus, caso não tome as devidas precauções, é igual e a chave para enfrentar a pandemia “é parar a transmissão, diminuir o número de casos diários para que todas as respostas possam ser mais efetivas”, alertou esta quarta-feira a ministra da Saúde, Marta Temido.

Sozinha na habitual conferência de imprensa sobre o boletim da Direção Geral de Saúde, que registou mais 5.891 novos casos e 79 mortes por Covid-19, a governante começou mesmo por mostrar que não são apenas os mais velhos que são internados no hospital, aliás 1/3 dos doentes internados atualmente tem entre 40 e 60 anos. Os números das últimas 24 horas mostram que dos 3.051 internados, 4% têm menos de 40 anos, 33% entre os 40 e os 60 anos e 63% de pessoas com mais de 70 anos.

E por falar em internamentos, Temido lembra que desses 3.051 internados, 2.169 estão em camas de enfermaria geral previstas para a Covid-19 (existem 3.159 no total) e 432 doentes nas 506 camas de cuidados intensivos afetas à Covid-19. Existem, porém, mais 18 mil camas em enfermaria geral e mais de 960 camas de UCI que poderão ser usadas, mas com prejuízo de outras respostas.

Alguns hospitais têm vindo a desprogramar alguma atividade e isso poderá vir a acontecer com maior quantidade”. “Os números  são dinâmicos e não totalmente elásticos”, advertiu a ministra.

Temido afastou também a ideia de que a maior parte não sofre com a doença. “Já há estudos que evidenciam sequelas em caso de doença, mesmo em casos de sintomas ligeiros ou de assintomáticos”, afirmou. “A melhor forma é evitar a transmissão”, rematou.

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Neste momento a taxa de incidência a 14 dias por 100 mil habitantes é de 726,2 casos com variações dentro o país. A região norte tinha 1264 casos por 100 mil habitantes neste período, no Centro 505, Lisboa e Vale do Tejo com 498 casos por 100 mil habitantes, o Alentejo com 291 e o Algarve com 265, diz Marta Temido.

O Risco de Transmissão Efetivo (calculado no período de 9 a 13 de novembro) era de 1.11. É aliás esse o risco na região norte, no Centro é 1.16, 1.08 em Lisboa e Vale do Tejo, 1,06 no Alentejo e e 1.04 no Algarve. “O risco de transmissão está-se a aproximar do 1. Idealmente devemos situá-lo abaixo do 1, ou no máximo em 1. Isso significará que cada novo caso de infeção devia dar a origem a menos de um novo caso de infeção”, lembra a ministra da Saúde, que continua preocupada com o aumento de casos diário: “Este número tem efeitos nefastos naquilo que é a utilização do serviço de saúde”.

Ainda assim, a Marta Temido tem esperança que as primeiras vacinas comecem a ser administradas em Portugal já em janeiro. Para tal, avisa, é necessário que o país garanta todas as condições “seguras” de armazenamento, transporte e de aplicação. No dia em que a Pfeizer anunciou 95% da eficácia da vacina que está a desenvolver, a ministra explicou que é a União Europeia que escolherá a vacina que todos os seus cidadãos irão tomar e que o Infarmed “tem a acompanhado esse processo”. E, na semana em que se fala de falta de planos de vacinação em Portugal, Temido aproveitou para anunciar que está já a ser elaborado um plano de vacinação para a Covid-19, que será apresentado no início do mês de dezembro. “É certo que ainda temos informação limitada sobre as potenciais vacinas e estamos a trabalhar num cenário de incerteza, mas não podemos deixar de planear, de gerir a incerteza”, disse.