Portugal registou nos últimos anos um declínio nos novos diagnósticos de VIH/sida, enquanto noutros países do Espaço Económico Europeu, que inclui a União Europeia (UE/EEE), as taxas mais do que duplicaram, revela um relatório hoje divulgado.

“A tendência das taxas de diagnósticos reportados de VIH diminuiu ligeiramente entre 2010 e 2019”, adianta o relatório do Centro Europeu de Controlo de Doenças (ECDC, na sigla inglesa) em vésperas do Dia Mundial de Luta Contra a Sida, que se assinala no dia 1 de dezembro.

De acordo com os dados do ECDC a que a Lusa teve acesso, as taxas foram de 6,6 casos por 100.000 habitantes no início deste período, diminuindo continuamente para 5,4 casos por 100.000 habitantes em 2019.

O número de diagnósticos diminuiu 9% nos países que reportaram os casos de forma consistente entre 2010 e 2019, acrescenta.

Embora a tendência global na UE/EEE tenha diminuído durante a última década, ela varia entre países.

Vários países, incluindo a Áustria, Dinamarca, Estónia, Finlândia, França, Itália, Luxemburgo, Países Baixos, Noruega, Portugal, Espanha e o Reino Unido, registaram uma diminuição das taxas de novos diagnósticos, mesmo depois de se ajustarem às alterações na cobertura populacional de vigilância e atrasos nos relatórios”.

Inversamente, e tendo em conta o atraso na notificação, as taxas de diagnóstico de VIH/sida mais do que duplicaram desde 2010 no Chipre, Malta e Eslováquia e aumentaram mais de 50% na Bulgária e na Polónia.

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Alguns países são afetados de forma desproporcionada por um atraso de reporte, pelo que a diminuição das taxas de novos diagnósticos de VIH pode ser sobrestimada e o aumento das taxas subestimado”.

A idade média no diagnóstico do Vírus da Imunodeficiência Humana (VIH) aumentou nas mulheres de 34 para 37 anos entre 2010 e 2019, mantendo-se estável nos homens, aos 37 anos.

Uma maior proporção de diagnósticos está a ser reportada em faixas etárias mais velhas: 15% das pessoas diagnosticadas em 2010 tinham mais de 50 anos, subindo para 20% em 2019.

Em 2019, um em cada cinco novos diagnósticos de VIH era uma pessoa com mais de 50 anos. “As razões ainda não estão totalmente compreendidas, pode ser que os próprios adultos mais velhos, ou os profissionais de saúde que cuidam deles, subestimem o risco de infeção”.

Por outro lado, os idosos podem ser mais afetados pelo estigma associado à doença e sentirem-se menos confortáveis para pedir para realizar o teste.

A proporção de todos os diagnósticos de VIH com rota de transmissão conhecida que foram atribuídas aos homens que fazem sexo com homens, em países que reportam de forma consistente, aumentou de 45% em 2010, para 52% em 2015, tendo depois diminuído para 47% em 2019.

A maior parte da diminuição de casos dos últimos anos deve-se a menos diagnósticos de situações de homens que fazem sexo com homens na Áustria, Finlândia, França, Alemanha, Grécia, Itália, Luxemburgo, Países Baixos, Noruega, Portugal, Espanha e Reino Unido”.

Já na Bulgária, Chipre, Estónia, Lituânia, Polónia, Roménia e Eslováquia observaram-se “aumentos substanciais” nos últimos anos.

O número de casos adquiridos entre heterossexuais diminuiu constantemente na última década, com descidas mais acentuados entre mulheres e heterossexuais estrangeiros.

O relatório aponta que em 2019 foram diagnosticados mais de 136.000 casos na Região Europeia da Organização Mundial da Saúde, que abrange 53 países, incluindo a Rússia e a Ucrânia).