A Escócia registou um número recorde de mortes relacionadas com o consumo de drogas, de acordo com estatísticas oficiais divulgadas esta terça-feira 15 de dezembro, esta nação que é uma das mais afetadas por este problema na Europa.

Segundo os números do Departamento Escocês de Estatísticas, cujo relatório foi adiado devido à pandemia de Covid-19, a Escócia teve 1.254 mortes relacionadas com drogas, em 2019, o que representa um aumento de 6% em relação ao ano anterior.

Esta taxa de mortalidade é cerca de 3,5 vezes superior à do Reino Unido (de que Escócia faz parte) como um todo, tendo o problema sido rotulado pelas autoridades escocesas como uma emergência de saúde pública.

Apesar deste novo recorde, contudo, o aumento de mortes ligadas a drogas desacelerou em relação a 2018, quando foi verificado um aumento de 27%.

Considerando que cada uma dessas mortes foi “uma tragédia”, o ministro da Saúde escocês, Joe Fitzpatrick, reconheceu que elas foram o resultado de uma “longa e complexa série de complicações”.

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“Não há atalhos para resolver isto de repente. Existem, no entanto, medidas que estamos a tomar agora e que terão um impacto mais imediato”, acrescentou Fitzpatrick.

As medidas incluem um investimento de mais de 95 milhões de libras (cerca de 104 milhões de euros), ao longo deste ano, na luta contra o álcool e a toxicodependência, bem como a distribuição de naloxona, um químico usado em casos de ‘overdose’ de opióides.

De acordo com os dados mais recentes disponíveis do Centro Europeu de Monitorização de Drogas e Toxicodependência, a Escócia tem a maior taxa de mortes relacionadas com as drogas ‘per capita’ na Europa, seguida pela Suécia.

A crise da heroína na Escócia teve grande impacto na cena internacional em 1996, com a difusão do filme Trainspotting, de Danny Boyle, rodado em Edimburgo.

Mais de 20 anos depois, as mortes por ‘overdose’ atingiram fortemente a “geração Trainspotting”, que começou a usar heroína nas décadas de 1980 e 1990.

Das mortes registadas em 2019, 69% eram homens e 68% ocorreram entre os 35-54 anos, principalmente em Glasgow, a cidade mais populosa da Escócia, e na sua região (404 mortes).

Em 94% dos casos, a morte foi causada por mais de uma substância (heroína, morfina, metadona, benzodiazepina, opióide, etc).