O primeiro-ministro considerou esta quinta-feira que se fez tudo o que estava ao alcance para evitar agora um novo confinamento geral e admitiu que as medidas podem ir além de um mês.

Esta posição foi assumida por António Costa em entrevista à TVI, horas antes de entrar em vigor o confinamento geral para contenção da Covid-19, que se prolongará pelo menos até 30 de janeiro.

“Acho fizemos tudo o que estava ao nosso alcance, coletivamente o país, para evitarmos esta situação”, declarou o líder do executivo, numa alusão ao crescimento de casos diários de novas infeções com o novo coronavírus e de óbitos por Covid-19 em Portugal, sobretudo na presente semana.

O primeiro-ministro justificou que as medidas foram adiadas uma semana porque faltavam dados mais concretos sobre o impacto da abertura no Natal, e disse que as medidas são revistas de 15 em 15 dias e que é essa a metodologia que irá manter-se. Mas repetiu que seria imprudente criar a ilusão de que num mês o país pode mudar a situação. “Pelo menos um mês” de confinamento, antecipou, não afastando a hipótese de prolongar por mais tempo.

António Costa defendeu que o país foi resistindo “à segunda onda” da Covid-19 através de confinamentos sobretudo ao fim de semana e admitiu que as medidas menos restritivas aplicadas no período de Natal estão entre os fatores que causaram a expansão da epidemia.

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“O facto de não termos medidas mais restritivas no Natal, seguramente, levou também as pessoas a terem comportamentos menos restritivos”, disse ainda.

Neste ponto, o primeiro-ministro alegou que o “princípio fundamental, que gerou grande consenso na sociedade portuguesa nessa altura [do Natal], era combinar a responsabilidade individual com a responsabilidade coletiva”.

“Não vale a pena revisitarmo-nos no passado e apontarmos uns aos outros os culpados. Se é mais prático dizer que foi o Governo, que fui eu, ficamos com o caso arrumado, mas não resolve o problema. O essencial não é isso. Há outros fatores que os cientistas têm apontado”, argumentou o líder do executivo, dando como exemplo a atual “onda de frio”.

E, seguida, observou que o ritmo de aumento dos casos de infeção com o novo coronavírus está também a verificar-se em países da Europa que adotaram medidas mais duras no Natal.

“Não há um julgamento coletivo a fazer. Sabemos todos que vivemos sempre num equilíbrio no fio da navalha: Quando aligeiramos as medidas, aumenta a pandemia; quando aumentamos as medidas, atinge-se duramente a economia. Mas privilegiamos sempre a situação sanitária e agora não podemos hesitar”, declarou.

O primeiro-ministro referiu-se depois a situações de “memória curta” no plano político, dizendo que ainda há uma semana o PSD dizia que “era preciso alargar o período de funcionamento dos restaurantes das 13h para 15h30 aos sábados e domingos”.

“Para que não está ao volante, é muito fácil dar palpites. Há 15 dias a discussão não era sobre qual a razão para não fechar já, mas era sobre a razão de não abrir mais. Convido a ver as declarações que o líder da oposição [Rui Rio] fez”, acrescentou.