O governo britânico não tenciona reabrir as escolas em Inglaterra antes de 8 de março, dependendo de como correr o plano de vacinação contra Covid-19, anunciou esta quarta-feira o primeiro-ministro, Boris Johnson.

“Se atingirmos o nosso objetivo de vacinar todos nos quatro grupos de pessoas mais vulneráveis com a primeira dose até 15 de fevereiro, e todos os dias vemos progresso nesse objetivo, esses grupos terão desenvolvido imunidade três semanas mais tarde, ou seja até 8 de março”, explicou aos deputados.

Johnson disse compreender “a frustração de alunos e professores que não querem outra coisa senão voltar às aulas, e de pais e cuidadores que têm de conciliar os seus trabalhos com as aulas em causa” e outras tarefas caseiras.

Porém, alegou que nesta altura não há “dados suficientes para saber o efeito total das vacinas em impedir a transmissão nem a dimensão e velocidade em que as vacinas reduzem as hospitalizações e mortes, nem a rapidez com que a combinação das vacinas e confinamento e vacinas”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

A decisão final só será conhecida no final de fevereiro, quando prometeu revelar a estratégia para levantar o confinamento em vigor desde o início de janeiro e reabrir a sociedade e a economia, mas disse que o alívio das restrições será gradual.

O primeiro-ministro britânico disse ainda que “não existem respostas fáceis” para o facto de o Reino Unido ser o país na Europa com mais mortes atribuídas a Covid-19, ao ultrapassar a barreira das 100 mil mortes.

“Quando se tem um novo vírus e uma nova variante do tipo que temos neste país, quando se tem dilemas tão difíceis e pesados como este governo enfrentou durante o último ano, não existem respostas fáceis”, admitiu, durante o debate semanal no parlamento.

Johnson respondia ao líder do Partido Trabalhista, Keir Starmer, que acusou o chefe do Executivo de ter subestimado a dimensão da crise e cometido vários erros, ao decretar um confinamento tarde demais na primavera e novamente no outono e em janeiro, ignorando o conselho dos cientistas.

Starmer referiu também atrasos com o aprovisionamento de equipamento de proteção para os profissionais de saúde, o resguardo dos lares de idosos, a implementação sistemas de testagem e rastreamento e o recuo no alívio das restrições durante o Natal.

“Receio que não tenha aprendido a lição”, disse o líder do maior partido da oposição.

Boris Johnson reiterou assumir a responsabilidade pelas decisões tomadas pelo governo durante pandemia e prometeu que “haverá uma altura em que vamos aprender as lições do que se passou e refletir sobre elas e preparar, mas não penso que este seja o momento, enquanto estamos no meio de uma luta contra uma nova variante”.

O chefe do Executivo disse ainda que “o confinamento perpétuo não é a resposta” e que pretende anunciar “dentro de algumas semanas” a estratégia para sair do atual confinamento, que não tem fim previsto, incluindo para o encerramento das escolas.

O governo espera vacinar cerca de 15 milhões de residentes e trabalhadores em lares de idosos, profissionais de saúde, maiores de 70 anos e pessoas clinicamente vulneráveis até meados de fevereiro.

Até terça-feira já tinham sido vacinadas mais de 6,8 milhões de pessoas com a primeira dose de duas doses.

No dia 4 de janeiro Boris Johnson ordenou o encerramento de todas as lojas não essenciais, escolas e universidades durante pelo menos seis semanas e emitiu a ordem para que as pessoas ficarem em casa, exceto por motivos essenciais, como fazer exercício e ou compras de supermercado, ou trabalhar se não puderem fazê-lo remotamente.

Devido à regionalização dos poderes no Reino Unido, a decisão de reabrir as escolas na Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte será tomada pelos respetivos governos autónomos, que decretaram confinamentos semelhantes.

O Reino Unido tornou-se o primeiro país europeu a romper a barreira das 100 mil mortes durante a pandemia Covid-19, até agora só alcançada pelos Estados Unidos, Índia, Brasil e México.

Na terça-feira foram registadas 1.631 mortes, elevando o total para 100.162, mas o balanço sobe para 103.602 se forem somados os casos cujas certidões de óbito fazem referência ao novo coronavírus como fator contributivo.

A pandemia de Covid-19 provocou, pelo menos, 2.159.155 mortos resultantes de mais de 100 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Em Portugal, morreram 11.012 pessoas dos 653.878 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.