O facto de a Comissão Europeia ter feito uma aquisição conjunta das vacinas contra a Covid-19 para todos os estados-membros não foi, na perspetiva de Tony Blair, uma “decisão sensata”. O antigo primeiro-ministro britânico defendeu que, desta foram, o controlo da compra das vacinas foi retirado a cada um dos países — e que teria sido diferente se o Reino Unido ainda fizesse parte da União Europeia (UE).

Acho muito mais interessante apontar o que a UE perdeu sem nós. Se o Reino Unido ainda fizesse parte da União, nunca teríamos tido aquela situação em que o controlo da aquisição de vacinas foi retirado aos estados-membros”, afirmou em declarações ao El País.

Tony Blair considerou que a aquisição das vacinas contra a Covid-19 é “um assunto de tamanha importância” e, por essa razão, “é preciso que o controlo esteja nas mãos de um grupo de pessoas com exclusiva dedicação”. “Afinal, tudo isto fez com que a UE demorasse cerca de 10 semanas com o programa de vacinação, embora tenha a certeza que mais cedo ou mais tarde se resolverá”, concluiu.

O antigo primeiro-ministro britânico defendeu ainda que o atual, Boris Johnson, “fez bem a estratégia de vacinação” do país. A “chave” para o sucesso “foi deixar um pequeno grupo de pessoas atuar”, na sua perspetiva. “Os governos são os mais qualificados para estabelecer uma estratégia, embora geralmente não sejam os mais adequados para desenvolvê-la. Os nossos sistemas são muito burocráticos”, disse ainda.

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Ainda assim, Blair considera que é “perfeitamente compreensível” que os países se tenham tentado “proteger”, “pela forma como esta pandemia se desenvolveu”. “Mas a verdade é que já há um ano sabíamos o quão séria [a pandemia] era”, disse, acrescentando:

A lição que devemos aprender é que a cooperação global é necessária, enquanto cada país protege seu interesse nacional. Será a única maneira de tornar as pandemias futuras mais curtas”, defendeu.

Tony Blair recusou, no entanto, ver como uma vitória o facto de a estratégia de vacinação ter corrido melhor no Reino Unido do que nos estados-membros da UE, segundo defende. Mas admite que “todos os defensores do Brexit celebraram este contraste como uma vitória”.