Uma em cada duas pessoas no mundo discrimina em função da idade, segundo um relatório das Nações Unidas (ONU) divulgado esta quinta-feira, com recomendações aos Governos para que adotem medidas jurídicas e sociais para combater estes preconceitos.

O relatório, elaborado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), em colaboração com várias agências da ONU, incluindo para os Direitos Humanos, sublinha que este tipo de discriminação “contribui para a pobreza e a insegurança económica das pessoas na velhice”, aumentando o isolamento social e a solidão dos idosos.

O estudo, com que a ONU espera lançar uma campanha mundial, conclui que este tipo de discriminação se verifica sobretudo nos jovens, é mais frequente nos homens que nas mulheres e em pessoas com menos formação.

O chamado “idadismo” pode traduzir-se em várias formas de discriminação, aponta o estudo, a começar pelo acesso a serviços de saúde, patente no início da pandemia de Covid-19, quando hospitais saturados optaram por salvar pacientes mais jovens, perante a escassez de ventiladores ou de camas nas unidades de cuidados intensivos.

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Falamos de idadismo quando a idade é utilizada para categorizar e dividir as pessoas de forma a que eles sofram preconceitos e injustiças”, explica-se no relatório, sublinhando que o fenómeno “reduz a solidariedade entre gerações”.

O relatório, de 203 páginas, aponta ainda a existência de discriminação contra os jovens, com os estereótipos a prejudicarem neste caso mais as mulheres do que os homens.

Segundo o documento, na Europa – única região com dados disponíveis -, 1 pessoa em cada 3 disse ter sido vítima deste tipo de discriminação, com os jovens a afirmarem que sofrem mais com este fenómeno do que outros grupos etários.

A ONU estima que este tipo de discriminação custe anualmente milhares de milhões de dólares, apontando como exemplo as reformas baseadas em critérios rígidos de idade, que privam a sociedade da experiência das pessoas mais velhas.

A pandemia contribuiu para agravar os estereótipos, frisaram em carta conjunta o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, e a alta comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet.

“Temos de combater o idadismo durante e após a crise [sanitária] se queremos garantir a saúde, o bem-estar e a dignidade das pessoas em todo o mundo”, pode ler-se na carta.