Em dia de celebrações dos 47 anos da Revolução dos Cravos, António Costa e Marta Temido deram um saltinho ao concelho de Sintra para inaugurar a Unidade de Saúde de Algueirão-Mem Martins. Entre a autocrítica pelo facto de ainda existirem portugueses sem equipa de saúde familiar e elogios aos autarcas que, neste último ano, têm ajudado no combate à pandemia, ainda houve tempo para homenagear os pais fundadores do SNS e criticar “as carpideiras do regime”.

António Costa arrancou logo com a “satisfação” que sente por celebrar o 25 de Abril “com a inauguração do maior centro de saúde” em Portugal. “Só a liberdade libertou o sonho que nos dá uma ambição imensa de querer sempre ir mais além, e foi o 25 de Abril que nos permitiu ter o Serviço Nacional de Saúde, acessível a todas e a todas independentemente da sua situação económica”, disse Costa, que minutos antes tinha estado no parlamento a ouvir o discurso dos partidos e do Presidente da República.

A este propósito, Costa falou do “próximo hospital de Sintra” e uma “prova de que tal como foi aprovado na lei da descentralização, as autarquias locais são as entidades por excelência mais indicados para assumirem as responsabilidades na gestão dos equipamentos de proximidade”.

Por outro lado, António Costa disse que também é momento de celebrar a adesão à União Europeia, recordando que foram os fundos comunitários que suportaram 50% do custo do centro de saúde agora inaugurado.

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“A União Europeia não é uma coisa distante que está lá em Bruxelas, está presente no nosso dia-a-dia e em todos os Algueirões Mem-Martins que estão espalhados pelos 27 países”, acrescentou.

“Bem sei que, perante as dificuldades, alguns dedicam-se a ser carpideiras oficiais, mas perante as dificuldades temos é de dizer como é que as vamos ultrapassar“, afirmou Costa, lembrando que o Plano de Recuperação e Resiliência prevê um investimento importante no SNS, designadamente na saúde de proximidade, no investimento na saúde oral e na saúde mental.

“Há portugueses sem equipas de saúde familiar? Há, mas estamos cá para ultrapassar isso”

Antes tinha sido a vez de Marta Temido, que trazia um enorme cravo vermelho preso ao casaco. Sob fogo nos últimos meses pelos profissionais do SNS (sobretudo enfermeiros e médicos), a ministra começou o seu discurso com uma homenagem aos pais fundadores do Serviço Nacional de Saúde. Mas passou logo aos profissionais que hoje o integram e fazem funcionar.

“Estar aqui hoje é uma forma também de homenagear os pais fundadores do SNS. Temos imenso orgulho em poder contar com todos aqueles que – todos os dias – vestem as suas batas, calçam as suas socas, põem os seus estetoscópios e trabalham nas centenas de unidades do SNS”. “São milhares de homens e mulheres que abdicaram de escolhas mais confortáveis para estar a fazer aquilo que estão a fazer. A pandemia reforçou a nossa confiança na força do nosso SNS”.

Próximo visado? Em ano de eleições autárquicas, vamos lá aos presidentes de câmara e presidentes das Juntas que o ministério da Saúde já não dispensa. “As autarquias locais – em vários presidentes de câmara, em vários presidentes de Juntas – têm sido as aliadas que descobrimos ao longo do último ano e sem os quais não vamos voltar a passar”, salienta Marta Temido.

Depois veio o pior, o reconhecimento das áreas em falta e uma espécie de autocrítica com vontade de ultrapassar no futuro. E com perguntas retóricas. “Há ainda portugueses sem equipa de saúde familiar? Há, mas estamos cá para cuidar que isso seja ultrapassado. Há ainda unidades de cuidados primários que precisam de ser modernizadas?  Há, mas estamos cá a preparar a aplicação do Plano de Recuperação e Resiliência para garantir que os fundos são alocados a esta área”.