Depois de receber a vacina da AstraZeneca, o cabo Francisco Pérez Benítez, do Regimento de Infantaria América 66, em Aizoáin, na comunidade de Navarra, queixou-se de fortes dores de cabeça e de um mal-estar geral que não conseguiu resolver por si só. Procurou ajuda no posto médico do quartel, foi transportado para as urgências de um centro de saúde local depois de a mulher o encontrar desmaiado na casa de banho e acabou a ser internado na clínica onde viria a morrer, a 23 de abril, 17 dias após ser vacinado contra a Covid-19. “Trombose do seio cerebral com trombocitopenia e hemorragia cerebral” foi o que ditou o resultado da autópsia do cabo, de 35 anos e a apenas quatro meses de ser pai.

Esta segunda-feira, a ministra espanhola da Defesa colocou um ponto final nas dúvidas que desde então se levantaram e garantiu publicamente: a morte de Francisco Pérez está diretamente relacionada com a vacina com que foi inoculado. “Pelos relatórios médicos que nos foram fornecidos, parece não haver dúvidas de que a morte foi consequência da administração da vacina”, disse Margarita Robles à imprensa, depois de visitar o regimento a que o cabo pertencia.

“É uma situação difícil mas a vacina também é um seguro”, fez questão de recordar a ministra, lembrando que “é importante que as pessoas se vacinem”. A EMA (Agência Europeia dos Medicamentos) já reconheceu uma “possível ligação” entre a vacina da Universidade de Oxford, desenvolvida em conjunto com a farmacêutica AstraZeneca, e casos muito raros de coágulos sanguíneos com baixos níveis de plaquetas, recorda a edição desta segunda-feira do El País, no mesmo artigo em que dá conta das declarações de Margarita Robles.

No total, desde que a vacina recebeu luz verde e até à morte do militar espanhol, tinham-se contabilizado 222 casos de trombos em 35 milhões de doses administradas na União Europeia. Desde que o relatório da EMA foi tornado público, a vacinação com o fármaco da AstraZeneca foi restringida à população entre os 60 e os 69 anos.

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