A partir desta quinta-feira, os portugueses com mais de 50 anos deverão poder começar a fazer o autoagendamento da toma da vacina contra a Covid-19, disse o coordenador da task-force de vacinação, Henrique Gouveia e Melo, numa entrevista à TVI na noite de quarta-feira.

Segundo Gouveia e Melo, a faixa etária dos 50 anos já está neste momento a ser vacinada, a partir do agendamento local — e faltava apenas arrancar a vacinação a partir do autoagendamento. Ao que disse o militar, tudo indicava que esse processo começasse já nesta quinta-feira, uma situação que estava dependente dos serviços informáticos.

A página de autoagendamento da vacinação, consultada às 7h30 desta quinta-feira pelo Observador, ainda só permitia o autoagendamento para pessoas acima dos 55 anos de idade.

Em relação à primeira fase da vacinação, que engloba os maiores de 60 anos e as profissões de risco, Gouveia e Melo disse que essa está “praticamente conseguida”. O coordenador da task-force salientou a importância de vacinar esta faixa da população, que representou 98,8% dos internamentos e mortes durante as fases anteriores da pandemia.

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“O nosso objetivo em termos de salvar vidas era proteger a faixa etária acima dos 60 anos. Estamos a acabar precisamente essa faixa etária. Ao fazermos isso, protegemos em termos de incidência histórica de mortes e internamentos 90% da população que foi internada nesta pandemia de Covid”, afirmou.

Questionado sobre o anúncio do Governo de que a vacinação em Lisboa ia ser acelerada, o vice-almirante voltou a frisar que, pelo contrário, todo o país vai ser acelerado, porque há uma grande quantidade de vacinas a chegar ao território. “Todo o país é acelerado”, garante o coordenador da task-force.

Sobre as diferenças regionais em termos de taxa de vacinação, o coordenador explicou que isso se deve às diferenças etárias.

Até agora, o processo tinha estado a decorrer “por faixas etárias” para atingir a faixa dos 60 anos, e cada região tem uma estrutura etária diferente. “Há regiões que têm uma população mais jovem e outras mais idosa”, explicou o vice-almirante Gouveia e Melo.

As regiões que têm uma população mais idosa naturalmente avançaram mais em termos percentuais em relação à população global”, disse.

Gouveia e Melo explicou que, apesar de a task-force pensar “em termos globais do país”, existem diferenças em termos regionais que precisam de ser compensadas e que se devem às diferenças etárias já apontadas.

“Lisboa está mais atrasada na vacinação percentual em relação à população do que outras regiões. O Porto também está mais atrasado. Algarve também”, disse o vice-almirante, acrescentando que o “fluxo maior de vacinas” permitirá fazer com que estas percentagens fiquem equilibradas em relação às outras regiões.

Imunidade de grupo deve ser atingida em agosto

Gouveia e Melo está confiante de que a imunidade de grupo seja atingida em agosto, isto se as vacinas encomendadas chegarem nas datas previstas. Na entrevista, o coordenador lembrou que tudo está dependente do cumprimento dos prazos por parte das farmacêuticas.

O coordenador da task-force garantiu que a imunidade de grupo será atingida de igual forma para todas as regiões e que não será deixadas “bolsas no país”. “Estamos a ter um fluxo maior de vacinas o que dá uma maior liberdade de ação”, garantiu.

Neste momento, Portugal está a administrar, em média, 80 mil vacinas por dia, adiantou Gouveia e Melo. Houve dias em que foram ultrapassadas as 100 mil doses diárias.

A imunidade de grupo é um “passo muito importante no processo”, mas “não é o fim do processo”, garantiu o vice-almirante Gouveia e Melo. “Não sei se depois disso não teremos de manter um ritmo elevado para conseguir atingir outros objetivos.

Existem cerca de um milhão de pessoas que terão de ser vacinadas com a segunda dose da vacina da AstraZeneca. Atualmente, Portugal não tem vacinas suficientes em stock, sendo necessárias mais doses que estão para chegar. O vice-almirante Gouveia e Melo adiantou que não tem havido dificuldades na administração desta vacina.