A ministra da Defesa espanhola, Margarita Robles, acusou este sábado Marrocos de usar centenas de jovens menores para violar as fronteiras de Espanha, depois de milhares de migrantes terem entrado no enclave espanhol de Ceuta na semana passada.

“Uma coisa é clara, é inaceitável usar menores como instrumento para violar as fronteiras territoriais de Espanha”, disse Robles, em declarações à televisão nacional espanhola, citadas pela agência France-Presse (AFP), no dia em que se assinala o Dia das Forças Armadas.

Desde o dia 17, pelo menos oito mil migrantes, muitos deles jovens, entraram ilegalmente no enclave espanhol com as imagens divulgadas a mostrarem passividade, se não permissão, dos guardas marroquinos.

Segundo a AFP, a maioria dos jovens voltou para trás, mas mais de 800 menores marroquinos permaneceram na cidade, muitos deles vagueando pelas ruas, devido à dificuldade das autoridades locais em encontrarem os pais destas crianças e jovens.

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“Isto é inaceitável, quer do ponto de vista do direito internacional, como do direito humanitário”, vincou a governante espanhola, acrescentando que “nenhum país que esteja a agir num espírito de boa vizinhança pode usar menores desta forma”.

A Espanha, apontou a ministra da Defesa, sempre foi “uma das principais apoiantes de Marrocos”, mas precisa “de ter o respeito do país, porque ele é a chave da coexistência”.

A origem desta última crise entre Espanha e Marrocos está relacionada com a permanência em Madrid do secretário-geral da Frente Polisário, Brahim Ghali, por motivos de saúde.

A Frente Polisário, considerada como um grupo terrorista por Rabat, reivindica o direito à autodeterminação no Saara Ocidental, território que foi colónia espanhola e posteriormente ocupado pelo Marrocos.