O ministros das Infraestruturas disse, esta quarta-feira, que “não tinha conhecimento do inquérito” relacionado com o seu antigo chefe de gabinete antes de as buscas às empresas e municípios terem sido tornadas públicas esta terça-feira. Pedro Nuno Santos acrescenta que nunca teve razões para suspeitar de atos ilícitos que, alegadamente, tenham sido cometidos por Nuno Araújo.

Pedro Nuno Santos falou também da relação sobre a relação com a líder parlamentar do Partido Socialista, Ana Catarina Mendes, e sobre a nomeação de Ana Paula Vitorino para presidente da Autoridade da Mobilidade e dos Transportes.

Antigo chefe de gabinete de Pedro Nuno Santos suspeito de tráfico de influências e corrupção

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“Conheço o Nuno Araújo há muitos anos, foi um bom chefe de gabinete, é um bom presidente de Porto de Leixões e nunca tive nenhum indício de que usasse as suas funções em benefício próprio”, diz Pedro Nuno Santos, sobre o antigo chefe de gabinete (entre 2015 e 2018) de quando foi secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares.

O ministro das Infraestruturas falou aos jornalistas em Arruda dos Vinhos onde defendeu a atuação da Justiça e do Ministério Público. “Houve uma denúncia de factos que são graves e a Justiça — e bem — abriu um inquérito e vai fazer uma investigação. É assim que deve ser.”

O Ministério Público faz bem em levar estas denúncias a sério e abrir um inquérito e uma investigação. Isso é importante para todos nós. É assim que a democracia e a Justiça devem funcionar”, disse o ministro.

Pedro Nuno Santos disse ainda que agora é preciso aguardar pelo resultado da investigação antes de se começarem a tirar conclusões, até porque não considera ser a sua função fazer juízos de factos que não conhece.

Com Ana Catarina Mendes está tudo bem, mas não retira o que disse sobre Ryanair

“A relação com a líder parlamentar do meu partido que defende e apoia o Governo é, obviamente, ótima e não podia deixar de ser”, disse Pedro Nuno Santos aos jornalistas, sobre as críticas de Ana Catarina Mendes à forma como o ministro respondeu à Ryanair.

Pedro Nuno Santos responde a Ana Catarina Mendes e diz que seria “incapaz de criticar em público um camarada”

O ministro das Infraestruturas disse que “não estalou verniz nenhum” e que o assunto “está absolutamente ultrapassado”, porque tem assuntos mais importantes com que se preocupar. “Temos de viver com mais naturalidade estas situações e não fazer delas um caso e conseguir focar naquilo que verdadeiramente importa ao país.”

Se considera que se excedeu nas críticas à Ryanair? “Já não me conhece o suficiente?”, perguntou ele ao jornalista. E mais sobre este assunto não adiantou, porque “já disse o que tinha a dizer”.

Ana Paula Vitorino “ter sido ministra socialista não é cadastro”, diz ministro

Questionado sobre a nomeação de Ana Paula Vitorino para presidente da Autoridade da Mobilidade e dos Transportes, Pedro Nuno Santos disse que a antiga ministra reúne as qualidades fundamentais de um regulador: qualificação para a função e independência face aos regulados — e não só face ao poder político e ao Governo.

A Ana Paula Vitorino é uma das pessoas mais qualificadas do nosso país para aquelas áreas e tem um perfil que garante independência face aos regulados”, disse o ministro das Infraestruturas.

Pedro Nuno Santos defendeu que “precisamos de seriedade no debate político” e que “não é por ter sido ministra que diminui a sua capacidade de ser reguladora”. O ministro acrescenta: “O facto de ter sido ministra socialista não é cadastro”.

Mais, o ministro considerou um desrespeito às mulheres algumas das críticas que foram lançadas sobre a nomeação e disse que “teria vergonha” de usar argumentos como “é esposa do ministro” para se referir à nomeada. “Usemos argumentos que sejam válidos e aceitáveis numa sociedade avançada como a nossa.”

Atualizado com declarações sobre Ana Catarina Mendes e Ana Paula Vitorino