A Direção-Geral da Saúde (DGS) confirmou esta terça-feira a existência de seis surtos ativos de Covid-19 em lares de idosos portugueses.

Estes surtos correspondem a 54 casos de Covid-19, parte deles já recuperados, acrescentou a mesma fonte da DGS.

A confirmação dos surtos surge depois de noticias da morte de duas idosas em lares, na última semana.

A ministra da Saúde garantiu que, apesar de terem sido detetados estes seis surtos, “a eventual necessidade que existiu no passado de limitar as visitas não parece ter a necessidade de ser restabelecida”. “Estamos numa situação em que os vacinados que eventualmente têm casos de transmissão têm uma doença mais moderada e controlada, mas naturalmente estamos atentos”, justificou a ministra à saída da inauguração do centro de saúde da Alta de Lisboa.

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Por outro lado, a task force confirmou, também esta terça-feira, que todos os utentes e funcionários de lares que estiveram infetados há mais de três meses vão começar a ser já vacinados.

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Este processo é, assim, antecipado, tendo em conta que inicialmente estava previsto que estas pessoas apenas fossem vacinadas seis meses depois de terem contraído o vírus.

Fonte da task force que coordena a logística da vacinação adiantou que a Segurança Social identificou cerca de 8.600 pessoas por vacinar nos lares de idosos, entre utentes e funcionários destas estruturas.

Deste universo de 8.600 pessoas, cerca de 4.500 estiveram infetadas, tendo recuperado da doença Covid-19, “não tendo por essa razão sido vacinadas”, enquanto 2.500 já se encontram vacinadas com pelo menos uma dose, referiu a mesma fonte.

“Em virtude do risco acrescido da maioria deste universo, face à sua idade avançada, a task force e a Direção-Geral de Saúde avaliaram ser prudente abrir-se uma exceção ao previsto na norma 002/2021 e proceder à vacinação de todos os funcionários e utentes que foram infetados há mais de 3 meses (e não 6 meses)”, adiantou a estrutura liderada pelo vice-almirante Gouveia e Melo.

A norma da DGS indica que as pessoas que recuperaram de infeção pelo vírus SARS-CoV-2 há pelo menos seis meses podem ser vacinadas, mas receberão apenas uma dose de vacina, tendo em conta que, por já terem tido a doença, têm uma imunidade natural considerada boa.

O presidente da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade (CNIS), Lino Maia, disse esta terça-feira que não se devia esperar seis meses para vacinar pessoas recuperadas da Covid-19, defendendo que esse período deveria ser reduzido para três meses.

“Eu não sou perito na área, mas gostaria que não estivéssemos à espera dos seis meses (para vacinar recuperados). Gostaria que fosse à volta dos três meses porque seria uma medida preventiva que daria algum conforto”, considerou Lino Maia à Lusa.

O presidente da CNIS disse recear uma nova vaga de surtos nos lares portugueses “porque o estar vacinado não quer dizer que se esteja absolutamente imunizado, e também porque ainda há pessoas por vacinar, entre utentes e trabalhadores, pelo que há alguma fragilidade”.

Em relação aos trabalhadores não vacinados nos lares, Lino Maia considerou “que são poucos”, mas que “as instituições devem, se possível, colocá-los em atividades que não impliquem interação com utentes”.

“Mesmo no que toca a contratações, devem admitir-se aqueles que estão vacinados” em detrimento dos que não estão, defendeu.