Allen Weisselberg, diretor financeiro da Trump Organization, entregou-se esta quinta-feira à justiça, no gabinete do procurador do distrito de Manhattan, horas antes de ser formalmente acusado, a par da empresa do ex-presidente dos EUA, no âmbito de uma investigação sobre alegados crimes fiscais.

A acusação ainda não é conhecida (deverá ser na tarde desta quinta-feira), mas a imprensa norte-americana avança que em causa estarão alegados crimes relacionados com evasão fiscal e benefícios não monetários atribuídos pela empresa aos principais executivos.

Segundo o The New York Times, os procuradores tentam perceber se Weisselberg, de 73 anos e que é diretor financeiro da Trump Organization há mais de 20, não pagou impostos sobre benefícios que ele e a família receberam de Trump — como propinas numa escola privada para pelo menos um dos seus netos, apartamentos gratuitos e carros alugados. Além disso, investigam se a empresa fugiu aos impostos sobre receita tributável. De acordo com o jornal, não são esperadas acusações contra o próprio Donald Trump.

A investigação começou há três anos. Inicialmente aberta por alegados pagamentos a mulheres que dizem ter tido relações sexuais com Donald Trump antes das eleições presidenciais de 2016, acabou por evoluir na abrangência, investigando alegações de fraude fiscal.

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Michael Cohen, antigo advogado de Trump condenado a três anos e prisão, garantiu ao Congresso, em 2019, que Weisselberg ajudou a orquestrar um plano para encobrir o envolvimento de Trump com a atriz Stormy Daniels, pagando a Daniels 130.000 dólares. Além disso, Cohen adiantou que, com Weisselberg, a empresa sobrevalorizava ou subavaliava os bens para obter empréstimos e benefícios fiscais, o que pode configurar crimes de evasão fiscal ou fraude.

Weisselberg entregou-se pelas 06h20 da madrugada, acompanhado pela sua advogada Mary E. Mulligan. Espera-se que compareça em tribunal esta tarde, juntamente com representantes da Trump Organization.

O The Guardian escreve que a investigação poderá ter consequências no funcionamento da empresa, que arrisca ver acrescidas as dificuldades em angariar fundos, mas também no próprio Donald Trump, que já sinalizou vontade de ser recandidato às presidenciais de 2024.

Na semana passada, os advogados da Trump Organization reuniram-se virtualmente com os procuradores de Manhattan, numa última tentativa de os dissuadir de prosseguirem com as acusações. A Trump Organization engloba centenas de empresas ligadas a Donald Trump, como hotéis, empresas imobiliárias e campos de golfe.

Trump deixou a gestão da empresa durante a sua presidência da Casa Branca, até janeiro deste ano. Ainda assim, manteve-se como proprietário através de um fundo gerido pelos seus filhos e Weisselberg. Num comunicado divulgado na segunda-feira, o ex-presidente dos EUA defendeu que as ações da empresa eram “práticas padrão em toda a comunidade empresarial dos EUA”, rejeitando que representem crimes.