O Presidente da República condecorou, esta quarta-feira, a CGTP com o título de membro honorário da Ordem do Infante D. Henrique. “Uma honra“, comenta Isabel Camarinha, que, ainda assim, não deixou de voltar à carga com as alterações à lei laboral e o que diz ser uma “tentativa de retirada de direitos” dos trabalhadores.

No ano passado, em outubro, a CGTP celebrou 50 anos de existência. Numa nota publicada no site da Presidência da República, Marcelo Rebelo de Sousa felicitou a confederação e comprometeu-se a conferir o título de Membro Honorário da Ordem do Infante D. Henrique, após uma sugestão do primeiro-ministro, António Costa. Essa condecoração aconteceu esta quarta-feira.

“Para nós é uma honra”, começou por dizer Isabel Camarinha, em declarações aos jornalistas registadas pela RTP3, acrescentando que a condecoração se destina a “todos os trabalhadores portugueses, que lutam e lutaram pela melhoria das condições de vida e de trabalho”. Camarinha lembrou a luta da central sindical “contra o fascismo” e, já em democracia, “na conquista” de direitos e garantidas.

“Consideramos que é a todas essas gerações de dirigentes sindicais, ativistas sindicais, trabalhadores, que contribuíram ao longo destes 50 anos para tudo em termos de transformação da nossa sociedade” que se dedica a condecoração, afirmou Isabel Camarinha.

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Numa segunda parte da audiência com Marcelo Rebelo de Sousa, foi discutida a situação atual do país. A CGTP deixou ao Presidente da República as “preocupações” sobre a “necessidade de alterar opções que têm vindo a ser tomadas” e que, mesmo antes da pandemia, “já causavam um modelo de baixos salários e precariedade” e um “desinvestimento” nos serviços públicos.

Camarinha voltou à carga com a lei do Trabalho e o que diz ser uma “tentativa de retirada de direitos” com as  “alterações que têm vindo a ser introduzidas e que não protegem os trabalhadores, que são a parte mais fraca na relação de trabalho, e está a dar mais força ao patronato, como a caducidade das convenções coletivas” — cuja revogação tem sido uma das bandeiras da central sindical.

O salário mínimo nacional também foi um alvo da sindicalista por estar, argumenta, a “engolir grande parte das tabelas salariais em todos os setores de atividade“. “Setores de atividade de grande especialização têm, neste momento, um afastamento do salário mínimo reduzidíssimo, quando há poucos anos, tinham centenas de euros de diferença entre o salário mínimo e o salário base. Isto vai aprofundar a crise que já estamos a atravessar”, vincou.