O movimento ecologista Extinction Rebellion manifestou-se esta sexta-feira em Londres para condenar o financiamento das indústrias fósseis pela City londrina, o centro financeiro da cidade, no âmbito de uma semana de ações de protesto na capital britânica.

Várias centenas de pessoas desfilaram pelo bairro do centro de Londres onde se situam os escritórios e as sedes de muitas instituições financeiras de todo o mundo, ao som de percussão.

Os manifestantes brandiam cartazes em que se lia “Não há futuro nos combustíveis fósseis”, “Fim ao financiamento do caos climático” ou ainda “Nada é impossível”, segundo a agência AFP no local.

O movimento quer “sublinhar a cumplicidade desde há séculos do Reino Unido” com a extração de petróleo e gás, indicou na rede social Twitter.

Alguns manifestantes pararam em frente ao edifício onde ficam os escritórios da empresa de serviços financeiros Maples e aí colaram um poster onde se lia “Maples Group — construído com dinheiro de crimes de sangue” (“Built with blood Money”).

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Aqui, estamos a atacar a Maples, que utiliza paraísos fiscais e não paga, portanto, impostos“, acusa uma manifestante, Trina, de 47 anos, acrescentando que “há muitas outras empresas que fazem o mesmo, bancos, seguradoras”.

Antes, participantes no cortejo atiraram tinta vermelha para o edifício do banco Standard Chartered e para o da sede das autoridades da City e protestaram em frente ao Banco de Inglaterra.

A organização para a justiça social Global Justice Now declarou apoiar as intervenções da Extinction Rebellion (Rebelião contra a Extinção, numa tradução livre), assegurando que “é bom ver a Extinction Rebellion a denunciar o papel da City no financiamento do caos climático”.

Num comunicado divulgado sta sexta-feira, a organização acrescenta que “a ação direta é uma tática política não-violenta legítima e uma resposta modesta às mortes e à destruição alimentada pela City”.

“Seja financiando combustíveis fósseis, utilizando regras comerciais para eliminar a proteção ambiental ou exigindo o pagamento de dívidas que impedem os países do sul de investir na adaptação às alterações climáticas, essas empresas e instituições financeiras são uma causa intrínseca das mudanças climáticas”, insiste a Global Justice Now.

Na quarta-feira, centenas de pessoas tinham-se manifestado em frente à embaixada do Brasil em Londres, em solidariedade com os milhares de indígenas mobilizados naquele país contra a política do Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, de desflorestação da Amazónia.

O grupo ecologista Extinction Rebellion (XR, na sigla em inglês) deu na segunda-feira em Londres o pontapé de saída para duas semanas de manifestações e ações de protesto destinadas a apelar aos Governos para agirem “com urgência” contra as alterações climáticas.

Esta rede de ativistas, formada no Reino Unido em 2018, utiliza regularmente a desobediência civil para denunciar a inação dos Governos em relação às mudanças do clima.

Os gigantes financeiros são regularmente acusados de contribuir para as alterações climáticas através do seu financiamento das indústrias de extração e distribuição de combustíveis fósseis.