Primeiro o silêncio, depois as críticas ao calendário eleitoral e ao que entendeu serem os sinais de “vieirismo” ainda existentes na Luz, agora a confirmação: João Noronha Lopes, gestor que reuniu cerca de 35% dos votos no sufrágio de 2020 frente a Luís Filipe Vieira, não será candidato nas próximas eleições do Benfica.

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“Na noite da eleição disse que não seria candidato. Falei verdade. Ponderei seriamente a possibilidade de me candidatar de novo. Tomei a decisão de não me candidatar. Foi uma das decisões mais difíceis da minha vida. Nem sempre na vida podemos fazer aquilo que gostamos”, começou por explicar, antes de voltar a apontar o dedo à falta de tempo de preparação, discussão e debate antes do sufrágio de dia 9 de outubro.

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“São razões de natureza pessoal e familiar. Antecipei há um ano que se poderiam verificar. Nunca me coibi de ir a eleições. Fui dos primeiros a desafiar Vilarinho a ir contra Vale e Azevedo. Bati-me contra Vieira. O meu passado benfiquista fala por mim e sobre a iniciativa de tomar decisões que posso, na altura certa, para o Benfica. O problema das eleições é serem feitas à pressa e sem saber as regras com as quais vão decorrer. Quem faz parte do passado recente do Benfica não tem possibilidade de fazer parte do futuro. O que se passou nos últimos anos não se pode repetir. É responsabilidade de todos os sócios, principalmente dos que forem eleitos, que garanta que finalmente e definitivamente se vira uma página”, destacou.

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Em paralelo, Noronha Lopes abordou ainda a figura de Rui Costa, traçando uma diferença entre os papéis que interpretou e interpreta na Luz. “Tenho admiração por Rui Costa enquanto jogador. Enquanto dirigente não vou apoiar Rui Costa. Quando tivemos uma OPA ilegal não ouvi uma palavra dele. Quando tivemos a demissão do presidente da Mesa da Assembleia Geral, não ouvi uma palavra dele. Onde estava Rui Costa nesses momentos? Foram momentos graves da história do Benfica”, frisou o gestor, que falou ainda da venda de 3,28% das ações por parte de Luís Filipe Vieira e do prejuízo da SAD no exercício de 2020/21.

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“Este episódio é mais um episódio de uma novela que começou numa OPA ilegal. Depois tivemos o aparecimento de uma proposta do Sr. Textor que queria comprar ações muito acima do valor de mercado e agora temos outra proposta sobre uma parte do capital do Benfica. O que sei é que em 2017 o Benfica tinha condições para ter comprado parte destas ações a bom preço e agora chegamos aqui. Continua a haver uma sucessão de eventos secretos e pouco explicados. Qual é que é o fator em comum? Parece que na Direção ninguém sabe de nada, que são todos apanhados de surpresa e que tudo isto era apenas do conhecimento de uma pessoa”, comentou. “A perda de receitas é natural, face a um contexto de pandemia. O que me preocupa, e muito, é o aumento da massa salarial. Como é possível num ano de pandemia a massa salarial aumentar quase 13%? Isso é que gostava que alguém explicasse”, acrescentou.