O fármaco baricitinib, usado no tratamento da artrite reumatoide, pode reduzir a mortalidade da Covid-19 quando combinado com os medicamentos dexametasona ou remdesivir, de acordo com os resultados de um ensaio clínico publicados na revista científica The Lancet Respiratory Medicine.

“Uma morte foi evitada por cada 20 doentes tratados com baricitinib”, escrevem os autores, baseados no facto de, ao fim de 28 dias, 8% (62) das pessoas tratadas com o fármaco terem morrido contra 13% (100) que fizeram o tratamento-padrão.

Apesar de reduzir a mortalidade, o tratamento não evita a progressão da doença para situações que requerem maior suporte respiratório. Por outro lado, não foram detetados efeitos secundários significativos.

Fármacos combinados com melhores resultados

Vicente Estrada, um dos autores e chefe do departamento de doenças infecciosas do Hospital Clínico de Madrid, diz que o fármaco só é usado em doentes que não podem tomar dexametasona, mas que estes resultados, a confirmarem-se, mostram que a combinação dos dois medicamentos tem resultados ainda melhores, noticiou o jornal El País.

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O mais importante é que mostrámos que a dexametasona e o baricitinib são complementares”, defende Vicente Estrada.

O ensaio clínico foi realizado em 12 hospitais dos vários continentes em doentes internados numa fase intermédia da doença — quando já apresentam pneumonia e inflamação, mas antes de entrarem nos cuidados intensivos.

O objetivo é que o medicamento trave a tempestade de citoquinas — proteínas inflamatórias produzidas pelo sistema imunitário que acabam por ter uma resposta exagerada prejudicial ao doente.

O fármaco foi selecionado com recurso à inteligência artificial, que analisou vários potenciais candidatos, e os ensaios clínicos foram financiados pela farmacêutica Eli Lilly que o desenvolveu.

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Foi usado em combinação com a dexametasona (um corticosteroide, com função anti-inflamatória e supressora do sistema imunitário) ou o antiviral remdesivir porque eram os tratamentos-padrão durante o período em que decorreu o ensaio clínico (o remdesivir foi entretanto desaconselhado como tratamento contra a Covid-19).