Depois das pesadas multas e compensações aplicadas pelo Estado norte-americano, que custaram ao Grupo Volkswagen cerca de 30 mil milhões de dólares, arrancou o julgamento dos principais administradores na Alemanha. A “estrela” no banco dos réus é Martin Winterkorn – acusado, condenado e considerado foragido pela justiça norte-americana –, o então CEO, cargo que desempenhou de 2007 a 2015, ano em que a manipulação da gestão dos motores foi descoberta. Mas o antigo gestor está longe de estar sozinho.

De acordo com a Deutsche Welle, no banco dos réus sentam-se mais quatro directores de topo, nomeadamente o responsável pelos motores, o director de desenvolvimento, o homem que controlava os sistemas electrónicos e o líder das novas soluções mecânicas. Os quatro confirmaram a sua participação no desenvolvimento e produção de veículos equipados com software ilegal.

De acordo com a documentação já submetida ao tribunal, os quatro quadros superiores, além de admitirem a culpa, irão testemunhar que a direcção da empresa, ou seja, Winterkorn, foi informada da manipulação do software.

O director do Centro de Investigação Automóvel de Duisburg-Essen, Ferdinand Dudennhöffer, acredita que Winterkorn estará “no centro da polémica” e diz esperar “que o procurador tenha sucesso em provar que Winterkorn é responsável pelo que aconteceu”, avançando ainda que “a possibilidade de o ex-CEO não saber o que se passava é altamente improvável num gestor que conhecia todos os parafusos de um carro”.

A somar às acusações dos seus subordinados na Volkswagen AG, Winterkorn teve de enfrentar um problema de saúde, que o obrigou a passar pela mesa de operações. A cirurgia a que foi submetido permitiu que não estivesse presente nas primeiras sessões do julgamento, mas não o irá proteger para sempre. Tanto mais que as declarações dos seus antigos quadros perante o juiz vão obrigá-lo a responder perante outro tribunal, mas agora por ter prestado falsas declarações no Parlamento alemão, em relação ao seu conhecimento da fraude de software.

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