Se o PS conseguiu melhores resultados em concelhos onde o turismo é mais fraco, isto é, onde há menos hóspedes de hotelaria, o PSD teve melhor prestação onde há menos centros de saúde. Estes são algumas das conclusões a que a agênca Lusa chega ao analisar os dados do EyeData, numa altura em estão apurados resultados de 297 dos 308 concelhos do país das eleiões autárquicas de domingo.

Neste portal de estatísticas, disponível em http://www.lusa.pt, os resultados eleitorais de cada partido por concelho (no qual concorreu isolado ou em coligação) são divididos em três, permitindo ver qual o terço dos concelhos em que cada partido obteve os melhores resultados, os piores resultados e o resultado médio.

Depois, no mesmo portal é possível cruzar esses resultados com um vasto conjunto de variáveis económicas e sociais que permitem caracterizar, em termos médios, como são os concelhos onde os partidos tiveram melhores ou piores resultados.

Assim, é possível saber que enquanto o Chega foi mais forte em zonas com mais poder de compra, a CDU onde o ensino secundário supera a média nacional; o Bloco de Esquerda foi nos concelhos com maior população estrangeira e PAN  onde há menos área da Rede Natura 2000,

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PS melhor em concelhos onde o ganho médio mensal dos trabalhadores por conta de outrem é inferior à média nacional

Segundo o EyeData,, há uma variação de 34,75% entre a média nacional de hóspedes nos estabelecimentos hoteleiros por 100 habitantes (307,33) e o tercil de concelhos em que o PS obteve melhores resultados (200,53).

Eis outras características socio-económicas dos concelhos em que o PS obteve melhores resultados:

  • A percentagem de alojamentos servidos por drenagem de águas residuais é superior (87,79%) à média nacional (85,30%).
  • O saldo populacional natural por 10 mil habitantes regista uma variação de 16,17% face à média nacional, já que é de -26,03 nos melhores concelhos do PS e os números nacionais são de -37,80.
  • A percentagem de população estrangeira é inferior à média nacional, ficando-se pelos 5,79% face aos 6,42% nacionais.
  • Há menos trabalhadores da administração pública local (11,31 por mil habitantes) do que a média nacional (13,48 por mil habitantes).
  • O ganho médio mensal dos trabalhadores por conta de outrem é inferior à média nacional, já que onde estiveram melhor esse valor é de 1.160,61 euros, em contraste com os 1.207,01 a nível nacional.
  • Há menos estabelecimentos de ensino básico por 10 mil habitantes (6,10) face à média nacional (6,59), o mesmo sucedendo com estabelecimentos do ensino secundário, que são menos (0,81) onde o PS teve melhores resultados do que a média nacional (0,93).
  • Há menos centros de saúde comparativamente à média nacional, já que os números nacionais chegam aos 15,31 estabelecimentos por mil habitantes e o terço de concelhos onde o PS esteve melhor ficam-se pelos 9,54.
  • Há menos percentagem de superfície ardida (0,54%) face à média nacional (0,75%), onde há menos farmácias por 10 mil habitantes (2,64 face a 3,02 nacionais).

PSD com melhor prestação onde há menos centros de saúde

Também o PSD obteve mais votos em concelhos onde há menos centros de saúde por 100.000 habitantes. Segundo o EyeData, verifica-se uma variação face à média nacional de 36,72% em termos de centros de saúde por 100.000 habitantes, uma vez que a média nacional é de 15,31 e nos concelhos onde o PSD obteve mais votos, esse valor desce para 9,92.

No caso do Partido Social Democrata (PSD) é também possível verificar o seguinte:

  • Há uma percentagem maior de resíduos urbanos preparados para valorização e reciclagem (55,52% face à média nacional de 50,17%).
  • Há uma percentagem menor de população residente com mais de 65 anos, dado que no terço onde obteve mais apoio esta é de 21,19% e a média nacional é de 22,29%.
  • O saldo populacional migratório por 10.000 habitantes é também menor que na média nacional (33,10), do que a média nacional (40,07).
  • Têm menos trabalhadores da administração pública local por 1.000 habitantes (11,66), face à média nacional (13,48).
  • O equilíbrio orçamental da Câmara Municipal é superior (130,31) à média nacional (127,59).
  • A taxa de retenção no ensino básico é ligeiramente inferior (2,05%) à média nacional (2,21%).
  • O número de estabelecimentos de ensino básico por 10.000 habitantes é ligeiramente inferior (0,88) à média nacional (0,93).
  • Há uma maior percentagem de hóspedes estrangeiros nos estabelecimentos hoteleiros, com 43,71%, face à média nacional de 37,45%.
  • Há mais camas em hospitais por 1.000 habitantes (4,41), face à média nacional (3,31).a lusa

Chega mais forte em locais com mais poder de compra e crimes registados

Os concelhos onde o Chega obteve melhores resultados nas eleições de domingo caracterizam-se por terem poder de compra acima da média nacional, situação que se repete nos dados sobre delitos registados pelas polícias.

Ainda é possível verificar o seguinte:

  • Em termos de ambiente, caracterizam-se por um consumo de energia inferior em 5,71% à média nacional (4.548,16 kWh/hab comparados com 4.724,18 kWh/hab).
  • A quantidade de resíduos urbanos recolhidos por habitante é superior em 8,56% à média nacional, sendo de 528,21 quilos por habitante no terço onde o Chega obteve melhor resultado e de 515,24 na média nacional. E em percentagem das despesas totais, gastam mais (9,42%) do que a média nacional (8,50%).
  • A percentagem de população com mais de 65 anos é menor à da média nacional, sendo de 21,69%, quando a média nacional é de 22,29%.
  • Já na percentagem de população com menos de 15 anos, a média nacional é de 13,50%, enquanto o terço onde o Chega tem melhor comportamento eleitoral é de 14,21%.
  • O número de divórcios em cada 100 casamentos é superior ao da média nacional, sendo de 62,31 nos concelhos com melhor performance do Chega, o que compara com 60,58 a nível nacional.
  • A população estrangeira residente corresponde a 7,73% do total onde o Chega obteve melhores resultados, ao passo que corresponde a 6,42% em termos nacionais.
  • O poder de compra ‘per capita’ (por pessoa) é superior à média nacional (número índice de 109,69 face a 100,17 a nível nacional).
  • O ganho médio mensal dos trabalhadores por contam de outrem é de 1.271,29 euros, acima do patamar médio nacional de 1.207,01.
  • Na educação, o partido liderado por André Ventura teve maior sucesso nos concelhos onde os empregadores com pelo menos o ensino secundário representam 58,03% do total, acima da média nacional de 54,66.
  • No mesmo sentido, a percentagem de população com mais de 15 anos que tem o ensino secundário é superior em 16,53% à média nacional nos concelhos onde o Chega tem o melhor resultado (34,24% face a 30,53%).
  • Os delitos criminais registados pelas polícias por 10.000 habitantes são, em média, de 289,71, o que compara com 279,11 a nível nacional.
  • O número de hospitais (públicos ou privados) é menor nos locais onde o Chega obteve melhores resultados nas eleições de domingo, sendo de 1,53 nesses concelhos e a média nacional de 2,19.
  • A saúde é um fator determinante ainda no número de médicos por 1.000 habitantes, que é de 6,85 onde o partido obteve melhores resultados e de 5,56 a nível nacional, em média.

BE tem melhores resultados nos concelhos com maior população estrangeira

Os concelhos onde o BE obteve melhores resultados nas eleições de domingo caracterizam-se por terem mais residentes estrangeiros, núcleos familiares monoparentais e maior disparidade de rendimentos do que na média nacional, segundo o portal EyeData.

Apresentam ainda outras caraterísticas:

  • Têm uma quantidade de resíduos urbanos recolhidos por habitante superior em 19,05% à média nacional, sendo de 528,58 quilos por habitante no terço onde o BE obteve melhor resultado e de 515,24 na média nacional, algo que também se reflete na despesa por município em ambiente, já que corresponde a 9,68% do total onde o BE tem melhor resultado, e é de 8,54% na média nacional.
  • Em termos de consumo de energia, é inferior nesses concelhos em 4,13% à média nacional (4.596,74 kWh por habitante comparados com 4.724,18 kWh por habitante a nível nacional).
  • Já o número de núcleos familiares monoparentais é superior à média nacional, sendo de 16,56% face aos 15,08% a nível nacional e o número médio de filhos por mulher nesse conselhos é também superior à média, 1,54 face a 1,41 no conjunto do território nacional.
  • A nível de população estrangeira residente, o rácio de 8,18% nos concelhos onde o BE obteve melhores resultados supera o nível nacional de 6,42%.
  • A proporção de trabalhadores por conta própria como isolado é de 5,80%, inferior à média nacional de 6,62%.
  • Ainda no campo do emprego, os trabalhadores da Administração Pública Local são, nesses concelhos, 11,40 por cada mil habitantes, enquanto a nível nacional são 13,48 por mil habitantes.
  • O rácio de desempregados inscritos nos centros de emprego há mais de um ano, 34,75%, é também inferior à média nacional de 35,62%
  • O poder de compra ‘per capita’ (por pessoa) é superior em 5,59% à média nacional (índice de 113,21 face a 100,17 a nível nacional).
  • O número de estabelecimentos de ensino básico nesses conselhos é de 5,94 em 10 mil habitantes, abaixo dos 6,59 no território nacional.
  • A percentagem de população com mais de 15 anos que tem o ensino secundário é superior em 11,28% à média nacional nos concelhos onde o BE tem o melhor resultado (35,21% face a 30,53%).
  • Por outro lado, a taxa de retenção no ensino básico (2,35%) ultrapassa a média nacional (2,21%).
  • A abstenção foi menor que a média nacional nas eleições legislativas de 2019 (42,79% face a 45,50% a nível nacional) e nas presidenciais de 2021 (51,31% vs. 54,55%).
  • A desigualdade do rendimento, ou seja o rácio P80/P20 é de 3,50, face aos 3,33 a nível nacional.
  • Em termos de disparidade no ganho médio mensal entre níveis de habilitação é de 28,50% (26,20% a nível nacional), entre profissões de 37,99% (34,79% nacional), enquanto entre sexos o diferencial é de 9,81% (o que compara com 9,46% no total do país).
  • Os crimes registados pelas polícias por cada 10.000 habitantes são superiores à média nacional em 4,42% nos concelhos onde o BE obteve melhores resultados, já que a nível nacional são de 279,11 e de 294,01 onde a coligação melhor esteve.

CDS-PP com melhor prestação onde há menos trabalhadores da administração pública local

O CDS-PP obteve mais votos em concelhos onde há menos trabalhadores da administração pública local por 1.000 habitantes: segundo o EyeData, verifica-se uma variação face à média nacional de 22,98% em termos de trabalhadores da administração pública local por 1.000 habitantes, uma vez que a média nacional é de 13,48 e nos concelhos onde o CDS-PP obteve mais votos, esse valor desce para 11,58.

No caso do CDS-PP é também possível verificar o seguinte:

  • Há uma percentagem ligeiramente maior de alojamentos servidos por drenagem de águas residuais (87,44% face à média nacional de 85,30%).
  • O saldo populacional natural por 10.000 habitantes é mais alto do que a média nacional (-21,47 face a -37,80).
  • A percentagem de população residente com mais de 65 anos é menor (20,80%) do que a média nacional (22,29%) e têm ligeiramente menos trabalhadores por conta própria como isolado (6,11%), face à média nacional (6,62%).
  • O equilíbrio orçamental da Câmara Municipal é superior (130,71) à média nacional (127,59).
  • A taxa de retenção no ensino básico é ligeiramente inferior (1,95%) à média nacional (2,21%).
  • O número de estabelecimentos de ensino secundário por 10.000 habitantes é ligeiramente inferior (0,81) à média nacional (0,93).
  • Há menos centros de saúde por 100.000 habitantes (8,78), comparativamente à média nacional (15,31).
  • Há uma menor percentagem de população em lugares com menos de 2.000 habitantes (37,83%), do que a média nacional (43,89%).

CDU melhor onde ensino secundário supera média nacional

Por seu lado, a CDU obteve melhores resultados nas eleições autárquicas de domingo em concelhos onde a percentagem da população com mais de 15 anos e pelo menos o ensino secundário é superior à média nacional.

Quanto à educação, a maior diferença está na percentagem de população com mais de 15 anos com pelo menos o ensino secundário, que é de 33,80% nos concelhos onde a CDU obteve melhor resultado, ao passo que a média nacional está nos 30,53%.

Verifica-se ainda uma variação de 12,62% quanto aos estabelecimentos de ensino básico por 10 mil habitantes, cuja média nacional é de 6,59 estabelecimentos, e nos concelhos onde a CDU obteve melhores resultados, esse número desce para 6,16.

Eis outras características socio-económicas dos concelhos em que a CDU obteve melhores resultados:

  • A percentagem de alojamentos servidos por drenagem de águas residuais é superior (91,20%) à média nacional (85,30%). No entanto, quanto à superfície das áreas protegidas a tendência inverte-se, com 7,15% nos concelhos em que a CDU obteve melhores resultados face aos 9,91% de média nacional, uma variação de 27,83%.
  • O saldo populacional natural por 10 mil habitantes é de -25,77, ao passo que na média do país o valor é mais baixo, de -37,80, uma variação de 16,53%. A segunda maior variação face à média nacional em termos demográficos diz respeito à percentagem de núcleos familiares monoparentais, que é de 16,11% nos concelhos onde a CDU esteve melhor, e de 15,08% na média nacional.
  • Na economia a maior variação (18,12%) está na percentagem de trabalhadores por conta própria como isolados, que é de 6,02% nos concelhos onde a CDU esteve melhor e de 6,62% na média nacional.
  • Há também uma variação de 13,30% no valor mediano das rendas por metro quadrado de alojamentos familiares, que é 6,47 euros nos concelhos onde a CDU obteve melhores resultados e 5,70 euros na média nacional.
  • Quanto ao número de centros de saúde por 100 mil habitantes, verifica-se uma variação de 46,01% entre os concelhos em que a CDU obteve melhor resultado (8,56 centros) e a média nacional (15,31 centros).
  • Além da já mencionada diferença nos centros de saúde, as maiores variações dizem respeito à superfície ardida (0,34% nos melhores concelhos CDU e 0,75% a nível nacional) e à percentagem de população em lugares com menos de 2.000 habitantes (29,57% nos melhores concelhos CDU e 43,89% a nível nacional).
  • Verificam-se também variações significativas quanto aos hóspedes nos estabelecimentos hoteleiros por 100 habitantes, que são 232,28 no tercil de concelhos onde a CDU obteve melhores resultados e 307,33 a nível nacional.

PAN melhor onde há menos área da Rede Natura 2000

Os concelhos onde o PAN obteve melhores resultados nas eleições autárquicas de domingo têm menos área dedicada à Rede Natura 2000 do que a média nacional: há uma variação de 48,38% entre a percentagem nacional da Rede Natura 2000 (21,16%) e o tercil dos concelhos onde o PAN obteve melhor prestação (10,93%).

Eis outras características socio-económicas dos concelhos em que o PAN obteve melhores resultados:

  • O PAN obteve melhores resultados onde a percentagem de alojamentos servidos por drenagem de águas residuais é superior (97,89%) à média nacional (85,30%).
  • O mesmo sucede quando a referência é a percentagem de resíduos urbanos preparados para valorização e reciclagem, que é de 71,68% onde o PAN obteve melhores resultados e de 50,17% a nível nacional.
  • A percentagem de núcleos familiares monoparentais é maior (18,08%) do que a média nacional, que se fica pelos 15,08%.
  • O número de filhos por mulher é superior (1,63) à média nacional (1,41), e onde há maior percentagem de população residente com menos de 15 anos (15,06% nos melhores concelhos do PAN, contra a média nacional de 13,50).
  • O valor mediano das rendas de alojamentos familiares por metro quadrado é superior (7,98 euros) à média nacional (5,70 euros).
  • A percentagem de sobrevivência de empresas nascidas um ano antes é superior (12,87%) à média nacional (11,60%).
  • O ganho médio mensal dos trabalhadores por conta de outrem é de 1.445,35 euros, ao passo que a média nacional é de 1.207,01 euros.
  • A percentagem de maiores de 15 anos com pelo menos o ensino secundário é maior (39,02%) do que a média nacional (30,53%).
  • Há menos escolas básicas por 10 mil habitantes (5,34 contra a média nacional de 6,59), sucedendo algo similar com os estabelecimentos de ensino pré-escolar por 10 mil habitantes (4,70 contra a média nacional de 5,62).
  • Há menos centros de saúde por 100 mil habitantes face à média nacional (3,26 contra os 15,31 nacionais), o mesmo sucedendo com a percentagem de área ardida nos respetivos concelhos (0,21% contra a média nacional de 0,75%).
  • A percentagem do número de hóspedes estrangeiros nos estabelecimentos hoteleiros é superior nos concelhos onde o PAN obteve melhores resultados (54,40%) face à média nacional (37,45%).