O governo chinês está a pedir às empresas públicas que comprem ativos à Evergrande, de forma a ajudar a empresa a garantir encaixes financeiros que permitam reembolsar a dívida no curto prazo. A notícia foi avançada esta terça-feira pela agência Reuters, que cita fontes próximas do processo.

A confirmar-se a informação avançada pela Reuters, este poderá ser o primeiro sinal de que, embora o governo chinês esteja a recusar fazer um resgate direto à gigante promotora imobiliária, está a mover-se nos bastidores para garantir uma solução para o problema que está a abalar os mercados financeiros nas últimas semanas – pelo menos uma solução temporária que evite um incumprimento desordenado da Evergrande em relação às suas obrigações financeiras.

Segundo uma das fontes, cerca de cinco empresas controladas pelo Estado chinês já estão a fazer avaliação de ativos na cidade de Guangzhou, no sul do país.

A Evergrande tem uma dívida total superior a 300 mil milhões de dólares e, por estes dias, tem vários reembolsos de dívida – internamente e a investidores estrangeiros – que a empresa não está a conseguir cumprir. Segundo alguns dos credores, a Evergrande não pagou os juros de cupão de uma dívida em dólares que tinha de ser paga na última quinta-feira e esta semana há outros reembolsos a fazer – o mais importante dos quais até ao próximo domingo, 3 de outubro.

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Na maior parte dos casos, existem períodos de carência (de 30 dias, por exemplo) que adiam uma declaração formal de insolvência. Mas, apesar dessa importante formalidade, os problemas financeiros na empresa são mais do que óbvios. Na última sexta-feira, a unidade de veículos elétricos do “gigante” chinês indicou que estava em enormes dificuldades financeiras e que não podia dar garantias de que não iria falhar nas suas obrigações.

Esse é um dos ativos que pertencem ao grupo Evergrande, embora não tenham relação com a atividade principal da promoção imobiliária, e que os responsáveis da empresa estão a tentar vender para obter algum “balão de oxigénio” financeiro. Porém, até ao momento estes ativos disponíveis para venda não estão a atrair muitos interessados – um cenário que pode mudar, agora, que o Governo chinês estará a pedir às empresas (com capitais públicos) para comprarem alguns desses ativos.

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