Primeiro, destruiu casas, depois, plantações de bananas. Agora, a lava do vulcão Cumbre Vieja ameaça o sustento dos pescadores da ilha de La Palma, nas Canárias, e de cerca de 150 famílias que dependem do mar.

“A curto prazo estamos f…, para quê negar”, disse Nicolás San Luis, um dos mais de 30 pescadores artesanais da zona, ao jornal El País.

A cascata de lava que cai sobre uma das mais ricas zonas de pesca é o último golpe sobre os pescadores que já estavam a ter um ano particularmente difícil: de há seis meses para cá que a quantidade de peixe e camarão tinha diminuído junto à costa.

No total, o rio de lava que corre há 12 dias já destruiu ou danificou quase mil casas (981), afetou 30 quilómetros de estradas, cobriu de lava uma área de, pelo menos, 476 hectares e de cinza mais de 1.750 hectares. Agora, já ganhou 20 hectares ao mar e deixará a sua marca no ecossistema, de acordo com o El Mundo.

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De resto, não se registam alterações significativas, ainda que, a qualquer momento, o rio de lava possa mudar de direção ou surgir um novo braço. “Desde que o fluxo de lava chegou ontem [quarta-feira] ao mar, não se registaram alterações substanciais na atividade vulcânica”. A lava mantém “um fluxo contínuo sob a forma de cascata” e na base da falésia, onde toca no mar, formou-se um delta que se estende em direção ao sul da ilha.

Choque térmico, alterações químicas e mudanças nos ecossistemas. O que acontece quando a lava chega ao mar?

Neste novo dia de erupção, mantém-se as zonas de exclusão marítima e terrestre em redor do vulcão, a evacuação das povoações decretada na semana passada e o confinamento de vários centros populacionais. Alguns residentes de fora do perímetro de exclusão (2,5 quilómetros) foram, entretanto, autorizados a voltar a suas casas para recolher alguns dos bens pessoais.

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As emissões de gases tóxicos a partir das bocas do vulcão e resultado da entrada no ar continuam a produzir-se, obrigando a que, pelo menos, 4.600 pessoas continuem fechadas em casa por causa do risco. A boa notícia é que, nos próximos dias, os ventos vão dispersar os gases em direção ao oceano Atlântico, restituindo a boa qualidade do ar ao arquipélago, informou a Agência Estatal de Meteorologia (Aemet).