Batalhas a cavalo, arcos, flechas e lanças. A saga Age of Empires está de volta com o capítulo IV. Para quem conhece os jogos, espere um regresso ao passado seguro e confortável, mas com pequenas alterações que chegam para dar a ideia de que está a jogar algo novo e diferente. Para quem não conhece a série, espere um videojogo que facilmente o vai agarrar durante muitas horas. Porém, convém gostar de História, principalmente da Idade Média.

Entrar no mundo de “Age of Empires IV” implica começar por olhar para o que foi feito antes — e não é por este ser um jogo para qualquer aspirante a historiador. Mesmo que não seja fã de videojogos, é difícil que nunca tenha ouvido falar de “Age of Empires”. A saga de jogos RTS (siglas para real-time strategy, ou “estratégia em tempo-real”) da Microsoft é uma das mais populares na indústria e este novo título mostra que os capítulos que o antecederam não envelheceram e continuam a ser atuais.

O jogo tem gráficos melhorados mas continua a manter as mecânicas que o tornaram famoso

No final dos anos de 1990, tanto “Age Empires I”, que se foca no período que vai dos primórdios da Humanidade até à Idade do Ferro, como “Age of Empires II: The Age of Kings”, que se debruça sobre a Idade Média — assim com as respetivas expansões — definiram um género e influenciaram outros jogos que foram lançados desde então. Em 2002, com “Age of Mythology”, a saga mostrou que podia ir a qualquer tempo, incluindo aquele dos mitos gregos, nórdicos e egípcios, e até pôs o jogador a controlar Titãs. Contudo, em 2005, a saga voltou à linha cronológica inicial, com “Age of Empires III”. Apesar do foco nos Descobrimentos — e de ter posto os portugueses no campo de batalha –, o enredo destes títulos parou por aqui, até agora.

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Um jogo que quer contar factualmente a História

A lógica de “Age of Empires IV” continua a ser a mesma que os jogadores encontram nos antecessores. No modo jogo livre, pode escolher-se entre oito civilizações (ingleses, mongóis, chineses, o sultanato de Déli, o Califado Abássida, franceses, o Sacro Império Romano e russos). Depois, num mapa pré-definido que o jogador tem de descobrir, é preciso recolher recursos, construir um exército para se defender, avançar de Idade (continua a haver quatro) e ganhar: seja por conquista ou outro modo que escolha, como encontrar e apanhar todas as relíquias.

Mesmo assim, nesta fórmula aparentemente batida, há algumas pequenas mudanças. Os soldados que são criados podem subir às muralhas de pedra — que agora são mais difíceis de destruir –, o que permite criar novas táticas de batalha com arqueiros. Além disso, para avançar de Idade é preciso fazer uma construção específica (nas versões anteriores tal é feito através de uma atualização que se compra no “Town Center”, que continua a ser o edifício principal para progredir no jogo, pois é o único que permite criar aldeões). De resto, e apesar dos gráficos totalmente renovados, é uma experiência muito semelhante à que já conhecíamos.

Depois, e além de um modo multijogador online, existem as campanhas. Em “Age of Empires II”, o jogador viveu uma versão da história de Joana D’Arc e aventurou-se nas conquistas de Genghis Khan. Porém, com “Age of Empires IV” o objetivo é olhar para a anarquia de Inglaterra entre 1135 e 1153, para a invasão mongol da Rússia e China no século XIII, para a ascensão de Moscovo no século XII e XIII e para a Guerra dos 100 anos do ponto de vista dos franceses como se estivesse a ler um livro de História.

Cada missão de cada campanha é antecedida por um vídeo real que mostra como é atualmente o local para o qual o jogador é transportado. Todos os vídeos são extremamente informativos e tentam mostrar, tanto quanto é possível, que aquilo que vamos jogar é, em certa medida, uma reprodução dos factos que aconteceram.

Há quatro campanhas que mostram o principal de cada civilização

Algumas missões, como já acontecia nos outros títulos da série, podem ser um pouco repetitivas. Isto tem a ver com a mecânica do jogo que, mesmo nas campanhas, pouco muda: recolher recursos, criar unidades e destruir ou conquistar local X. Porém, e principalmente para quem jogou “Age of Empires II”, toda a experiência faz com que um jogador sinta que está a voltar a um lugar onde já foi feliz.

Se não tem um computador dos mais recentes, prepare-se: este jogo pode ser exigente. Tem de ter, no mínimo, 50GB de espaço livre no disco rígido e 16GB de memória RAM. Mesmo assim, a Microsoft diz que poderá ter um computador com requisitos menos potentes e, no futuro, até poderá haver um versão para as consolas Xbox.

“Age of Empires IV” joga pelo seguro e assume que não quer mudar uma fórmula que, mesmo passados mais de 20 anos, continua a ser vencedora. Não há uma investida numa nova Era pós-Descobrimentos ou grandes alterações às mecânicas de controlos. De certa forma, e não fossem as campanhas do jogos, poder-se-ia até dizer que “Age of Empires IV” é uma reedição dos novos dias de “Age of Empires II”. Para quem quer voltar ao passado, seja para saber mais de História ou para reviver um género de jogo que cativou milhões, “Age of Empires IV” não irá desiludir.