Se achava que já tinha todas as plataformas de streaming disponíveis, pense outra vez. O Globoplay é o membro mais recente desta forma de ver televisão que não para de crescer. Tem mais de 30 projetos originais e acima de mil conteúdos. Está disponível em Portugal por 8,99€ ao mês.

A plataforma é intuitiva e não muito diferente daquilo que já conhecemos. Há sete canais em direto e listas de conteúdos on demand. Em cima, do lado esquerdo, estão vários separadores. É possível escolher “Agora na TV” e aí selecionar um dos canais com transmissão em direto. Seguem-se Novelas, Séries, Jornalismo (com reportagens e programas) e Filmes. Dá para acrescentar conteúdos à lista de visualização e a app está disponível para smart TV, telemóvel, tablet ou computador.

O Globoplay já tinha chegado aos EUA no início de 2020 e a meio de outubro instalou-se em Portugal e em mais 15 países da Europa (incluindo Espanha, Reino Unido ou Itália). Nas novelas, talvez o que diz mais aos portugueses, os conteúdos podiam estar organizados cronologicamente, seria mais prático. Ainda assim, é fácil encontrar “O Clone”, “Torre de Babel”, “O Cravo e a Rosa” e a mítica “O Rei do Gado”. Falta “Pedra sobre Pedra”, a novela que em 1992 foi co-produzida com a RTP.

Dos conteúdos recentes que mais se têm destacado às novelas de culto, o Observador fez uma seleção para que a sua única tarefa seja carregar no play.

NOVELAS

“Verdades Secretas II”

2021

É a primeira novela criada em exclusivo para o streaming e retoma uma história que começou em 2015 quando “Verdades Secretas”, de Walcyr Carrasco, aterrou na TV Globo.

A história foca-se numa agência de modelos cuja nova dona, Blanche, é interpretada pela portuguesa Maria de Medeiros. O que está nos bastidores de desfiles grandiosos anda entre lutas pelo poder, homicídios por explicar, vinganças e muitos dramas — pelo menos nesta ficção. Os dez episódios estão disponíveis desde 20 de outubro.

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“Avenida Brasil”

2012

É provavelmente a última grande novela da Globo que fez parar o Brasil e também Portugal. Cada episódio era um sufoco — terminar com unhas decentes era um milagre. Foi exibida em 150 países e líder de audiências em muitos, incluindo cá. O sucesso foi tanto que chegou à revista norte-americana Forbes.

À partida, a história parecia não ter nada do outro mundo — depois de ver o pai morto pela madrasta e de ser dada para adoção, Nina (Débora Falabella) regressa décadas depois para se vingar —, mas os twists, os diálogos e os momentos cómicos construíram um fenómeno.

Muito do mérito era de Adriana Esteves, a madrasta má, horrível, medonha, a pior vilã de sempre. Não é exagero, Carminha arrumava a madrasta da Branca de Neve num canto. “Avenida Brasil” é para ver do primeiro ao 179.º episódio.

“Laços de Família”

2000

Esta novela apresentou a Portugal Reynaldo Gianecchini e só por isso já teria valido a pena. Mas, além dos suspiros, a história fez chorar, chorar e chorar mais um bocadinho. Lembram-se da Vera Fischer? Esse mulherão que foi Miss Brasil, se destacou nas novelas “Brilhante” e “Mandala” nos anos 80 apareceu em “Laços de Família” como a protagonista, Helena. No entanto, depressa a história deixou de ser sobre ela.

Recuando na memória, tudo começa quando Helena tem um acidente e conhece um médico, Edu (Gianecchini). Ela tem 40 e tal anos, ele 20 e poucos, mas a química é imediata e os dois começam uma relação. Entra em cena Camila (Carolina Dieckmann), filha de Helena, e o coração de Edu balança. Os dois estão apaixonados, mas resistem — não podemos dizer que não tentaram. Helena é uma senhora e, quando percebe, afasta-se para que a filha possa ser feliz.

E viveram felizes para sempre? Pois claro que não. Camila engravida, tem cancro, perde o bebé, descobre que não é filha do homem a quem sempre chamou pai, Helena engravida de novo do verdadeiro pai de Camila numa tentativa desesperada para encontrar um dador de medula. É muito dramático, muito duro, mas muito bom.

O elenco conta com Tony Ramos, José Mayer, Deborah Secco, Lília Cabral, entre inúmeros outros nomes conhecidos. É para ver ou rever. Garanta apenas que tem lenços de papel em casa.

“Mulheres de Areia”

1993

Ah, a saga da gémea boa e da gémea má, como não adorar? Já vimos isto 30 mil vezes, mas o certo é que em 1993 agarrou toda a gente ao ecrã. Nesta história, Ruth é muito boazinha e Raquel muito má. Trata mal toda a gente e quer tudo o que a irmã tem, incluindo o namorado, o empresário Marcos Assunção (Guilherme Fontes). No meio disto há um peão usado muitas vezes pela maléfica Raquel, Tonho da Lua (Marcos Frota). Faz esculturas incríveis na areia mas tem limitações psicológicas. Ah, e é apaixonado por Ruth.

A autora da novela, Ivani Ribeiro, queria tanto ter a Glória Pires a interpretar as duas gémeas que a data prevista para “Mulheres de Areia” teve de ser adiada. A atriz tinha acabado de ser mãe e foi preciso esperar por ela.

“Tieta”

1989

A rebelde Tieta (Betty Faria) é expulsa de casa pelo pai, que se deixa influenciar pela outra filha, Perpétua (Joana Fomm). 25 anos mais tarde, Tieta volta para vingar a sua honra. Está rica e faz questão de exibir o seu novo estatuto.

A novela é uma adaptação livre de “Tieta do Agreste”, livro de 1977 de Jorge Amado. Quando foi exibida pela primeira vez desencadeou várias polémicas. Tieta seduz Ricardo (Cássio Gabus Mendes) que, além de ser sobrinho da protagonista, é seminarista. Escândalo para o público e sobretudo para a igreja católica. Como se isto não fosse suficiente, ainda há uma personagem pedófila. O coronel Artur (Ary Fontoura) abusa sexualmente de várias crianças, a quem chama “rolinhas”. Tudo isto foi transmitido na televisão, em horário nobre, em 1989. Dá para imaginar?

“Roque Santeiro”

1985

“Tô certo ou tô errado?” Já passaram quase 40 anos e continua a haver poucas coisas melhores do que as falas de Sinhozinho Malta (Lima Duarte). As cenas com a viúva Porcina (Regina Duarte) são pérolas que merecem ser revistas até à exaustão.

Mas quem dá o nome à história é Roque Santeiro (José Wilker), que virou mito depois de morrer a defender os habitantes de Asa Branca. Só que afinal o homem não morreu e regressa 17 anos mais tarde — o que não dá muito jeito a Sinhozinho Malta, à viúva que afinal não é viúva e a mais uns quantos interesseiros que lucram com a lenda de Roque Santeiro.

Mesmo que não se dedique a ver os 209 episódios, vale a pena espreitar algumas cenas de “Roque Santeiro”.

“Malhação”

1995-2020

Já lá vão 27 temporadas desde que “Malhação” apareceu em 1995. Resumidamente, esta é a mãe dos “Morangos com Açúcar”. Adolescentes à solta, hormonas à solta, dramas à solta, asneiradas das grandes e professores que fazem sempre tudo pelos seus alunos.

Há 57 mil episódios para ver — pronto, são só 6222 — e por lá andam atores com caras de bebés que entretanto se tornaram conhecidos. Cauã Reymond, Caio Castro, Fernanda Vasconcellos, Henri Castelli, entre outros.

SÉRIES

“As Five”

2021

São five, que é como quem diz “cinco”. Keyla (Gabriela Medvedovski), Ellen (Heslaine Vieira), Lica (Manoela Aliperti), Benê ( Daphne Bozaski) e Tina (Ana Hikari) eram amigas na adolescência. Cada uma foi tratar dos seus afazeres mas, quando se reencontram na vida adulta, percebem que o que as unia continua intacto como se nunca tivessem perdido o contacto.

“As Five” não é nada mais do que um spinoff de “Malhação: Viva a Diferença”, a 25.ª temporada da saga. Porém, as críticas são boas. São Paulo é o cenário para música, sexo, gargalhadas e dramas — uma espécie de “O Sexo e a Cidade”, versão jovem adulto.

“Todas as Mulheres do Mundo”

2020

É das séries mais elogiadas do Globoplay e foi criada em 2020 para homenagear o trabalho do dramaturgo e realizador Domingos de Oliveira. A história acompanha Paulo (Emilio Dantas), um homem apaixonado pela poesia, pela liberdade e pelas mulheres.

Em cada episódio vive uma história de amor com uma mulher diferente. Todas acabam por abandoná-lo. A primeira temporada está dividida em 12 partes.

“Sai de Baixo”

1996-2002

“Cala a boca, Magda!” É preciso dizer muito mais? O apartamento da família mais tresloucada e insólita da televisão produziu material para sete temporadas. Na altura da estreia, a comédia destacou-se por ser diferente do que se fazia habitualmente. Era gravada num teatro de São Paulo, os atores interagiam com o público presente, esqueciam-se das falas ou perdiam-se no meio de gargalhadas sem fim.

Cada episódio era gravado duas vezes e a versão depois apresentada em televisão reunia as melhores cenas de cada. O elenco contou com Miguel Falabella (Caco), Marisa Orth (Magda), Aracy Balabanian (Cassandra), Luis Gustavo (Vanderley), Tom Cavalcante (Ribamar) e Márcia Cabrita (Neide).

“Cidade dos Homens”

2002-2005

Acerola (Douglas Silva) e Laranjinha (Darlan Cunha) são dois amigos que tentam sobreviver numa realidade onde tudo é condicionado pelo tráfico de droga e pela pobreza extrema.

A série, com 27 episódios no total, foi criada por Fernando Meirelles, o realizador de “Cidade de Deus”. A ideia para o projeto televisivo surgiu exatamente depois do filme de 2002, pegando em dois jovens de uma realidade semelhante.

FILMES

“Estômago”

2007

Só há dois desfechos possíveis: depois de ver “Estômago”, ou fica viciado em coxinhas de frango ou nunca mais lhes toca. O motivo não podemos revelar para não estragar a surpresa do filme. E, se tiver de escolher um da lista para ver, é mesmo este.

Raimundo Nonato (João Miguel) muda-se do interior para uma cidade grande em busca de uma vida melhor. Começa a fazer limpezas num bar mas depressa toda a gente percebe que ele tem um dom especial para cozinhar. Sobe na vida mas nem tudo corre bem quando conhece a prostituta Iria (Fabíula Nascimento) e mais não dizemos.

“Estômago” ganhou vários prémios no Brasil, em França, na Holanda, no Uruguai e no Reino Unido. Também em Portugal teve direito à distinção do público para Melhor Filme no Festival Internacional de Cinema do Funchal, em 2008.