Alguns habitantes da ilha La Palma têm sido obrigados a pagar hipotecas aos bancos por casas que foram destruídas pela erupção do vulcão Cumbre Vieja, que está ativo desde 19 de setembro.

Uma moradora, Diana Chavos, revela ao jornal espanhol El Mundo, que o seu banco está a cobrar uma dívida de 40 mil euros por uma vivenda que, na prática, “já não existe”.

Fui cuidadosa, vivo com o suficiente, mas agora estou sem casa e com uma dívida que não consigo pagar”, afirma Diana.

Assim como esta, Alberto, um homem na casa dos 30 anos, reporta também ao El Mundo que perdeu a sua casa em Todoque e a sua plantação de bananas, que era o seu sustento.

Agora, seis semanas após o início da erupção, a lava está a apenas 50 metros de outro apartamento que possui, em La Laguna, sobre o qual tem hipoteca de quase 40 mil euros. “Paguei as contas de setembro e de outubro, mas não sei o que vou fazer com a de novembro”, confessa. “O banco não me facilita o processo, mesmo conhecendo-me desde sempre e sabendo tudo o que perdi com o desastre.”

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Como aponta o jornal espanhol, estas situações revelam um verdadeiro “labirinto legal”, uma vez que a maioria das vivendas hipotecadas tem um seguro que não cobre erupções vulcânicas.

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Para “tapar este buraco” existe a entidade CCS (Consórcio de Compensação de Seguros), que tem indemnizado alguns dos moradores. No entanto, como revelam advogados, “este dinheiro não vai para os donos da casa, mas sim para o banco, que contraiu a hipoteca para saudar a dívida.”

Outros moradores, como é o caso de Idaira Leal, decidiram adotar uma estratégia diferente: o seu plano é continuar a pagar a renda da casa (destruída), de modo a conseguir usufruir a totalidade da indemnização fornecida pelo CCS, com a qual planeia construir duas habitações.

“Os bancos insistem em cobrar tudo de uma vez, em vez de esperarem que eu vá pagando o que foi combinado”, denuncia Idaira. “Aproveitam-se da nossa desgraça, de tudo o que temos sofrido, para ganhar mais dinheiro”.

Os habitantes estão se a mobilizar contra os bancos, através de entidades como a Associação Social do Vulcão Cumbre Vieja. A reivindicação principal, oposta ao que se encontra regulamentado, é que o consórcio pague as indemnizações diretamente nas contas dos afetados.

A erupção do vulcão Cumbre Vieja, ativo há 46 dias, já destruiu mais de 2.500 edifícios, e implicou aumentou consideravelmente a atividade sísmica da ilha.

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