O esquema de tráfico de diamantes envolvendo militares e ex-militares portugueses, recentemente desmantelado pela Polícia Judiciária, foi denunciado por um major da missão portuguesa na República Centro Africana que terá sido aliciado por um capitão da sua unidade.

Segundo adianta o Público, o militar terá recebido do capitão oito pedras preciosas para enviar no próximo voo de apoio logístico à missão, que depois terá entregado ao comandante da 6.ª Força Nacional Destacada na República Centro Africana, que denunciou o caso ao Estado-Maior-General das Forças Armadas (EMGFA).

O major teria conhecimento de uma primeira denúncia, feita por um intérprete da missão portuguesa na República Centro Africana ao qual o principal arguido do caso, o ex-militar Paulo Nazaré, terá prometido 20% dos dividendos de um negócio de oito diamantes que nunca pagou. Foram estas duas denúncias que desencadearam a investigação que resultou no desmantelamento do esquema de tráfico de diamantes, ouro e droga entre a República Centro Africana, Portugal e Bélgica, que se acredita ser encabeçado por Paulo Nazaré.

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Nazaré prestou serviço na 2.ª Força Nacional Destacada na República Centro-Africana de outubro de 2017 a março de 2018, tendo depois abandonado a vida militar. Os outros dez arguidos constituídos no âmbito da chamada “Operação Miríade” incluem militares e ex-militares, nomeadamente Comandos, um agente da PSP (do Comando Metropolitano de Lisboa), um guarda da GNR em formação e um advogado.

No entanto, fonte ligada ao processo adiantou à Agência Lusa que fazem ainda parte da rede criminosa mais de 60 outras pessoas e cerca de 40 empresas, que funcionariam como “fachada” para os negócios que envolviam diamantes, ouro, droga e bitcoins.

As detenções dos 11 arguidos aconteceram na segunda-feira de manhã, à exceção de Nazaré. De acordo com a TVI24, o suspeito não estava em casa durante a busca efetuada pela PJ, que teve de o procurar durante várias horas até o encontrar no centro comercial Vasco da Gama, em Lisboa, por volta das 15h.

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Interrogatório dos 11 arguidos começou esta terça-feira. Seis arguidos decidiram não falar

O interrogatório formal dos 11 arguidos pelo juiz de instrução Carlos Alexandre aconteceu esta terça-feira, no Juízo de Instrução Criminal de Lisboa. Começou depois das 18h30 e foi interrompido pelas 22h. Será retomado esta quarta-feira, pelas 9h30.

De acordo com fonte do tribunal ouvida pela Agência Lusa, durante este primeiro dia de interrogatório houve cinco arguidos que decidiram prestar declarações: Fernando Delfino, (civil), Luís Chantre (ex-comando), Emanuel Marques (civil), Michael Oliveira (agente da PSP) e Artur Amorim (advogado). Quanto aos restantes seis detidos, a opção foi de não prestarem declarações esta terça-feira.

O juiz Carlos Alexandre definiu o reinício da diligência a partir das 9h30 com a promoção das medidas de coação por parte do Ministério Público e as alegações dos advogados de defesa. De seguida, serão decididas as medidas de coação pelo juiz de instrução.

Juiz Carlos Alexandre já iniciou identificação dos arguidos da Operação Miríade

Artigo atualizado às 22h42