Trata-se de uma ameaça clara do Presidente bielorrusso, Alexander Lukashenko, face às novas sanções europeias relacionadas com a crise migratória na sua fronteira e na Polónia. “E se cortarmos o gás natural que vai para a Europa?”, questionou, deixando ainda um aviso aos “líderes polacos, lituanos e outros sem cérebro” para “pensar antes de falar”.

“Estamos a aquecer a Europa e eles estão a ameaçar fechar a fronteira”, alega Lukashenko, que garante: “Se nos impuserem novas sanções (…), teremos de responder”.

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Por seu turno, a líder da oposição bielorrussa no exílio, Svetlana Tikhanovskaya, disse à Agence-France Press que Lukashenko está a fazer “bluff”: “Ser-lhe-ia mais prejudicial para ele e para a Bielorrússia do que para a União Europeia”.

Já Augusto Santos Silva, ministro dos Negócios Estrangeiros, assegurou esta quinta-feira que “não é aceitável em nenhuma circunstância fazer o que o regime de Lukashenko está a fazer — usar migrantes, muitos deles crianças, como arma política”.

Numa altura em que a Europa enfrenta uma grave crise energética, Lukashenko admitiu a possibilidade de suspender o funcionamento do gasoduto Yamal-Europa, que atravessa a Bielorrússia para fornecer gás russo a vários países europeus, em particular à Alemanha e à Polónia.

O gasoduto Yamal-Europa permite que a gigante russa Gazprom distribua grandes quantidades de gás da península de Yamal, no Ártico, à Polónia e à Alemanha. Minsk recebe ‘taxas de trânsito’ pela passagem do tubo pelo seu território.

Desde segunda-feira, a tentativa de várias centenas de migrantes, provindos do Médio Oriente e África, de atravessar a fronteira da Bielorrússia para entrarem na Polónia (e, consequentemente, na União Europeia) desencadearam uma grave crise entre Minsk e Bruxelas.

Os europeus acusam a Bielorrússia de atrair esses migrantes com vistos e de lhes facilitar a chegada à fronteira com países da União Europeia em retaliação pelas sanções impostas por Bruxelas devido à repressão das vozes críticas bielorrussas.

União Europeia aumenta sanções à Bielorrússia na próxima semana, garante Von der Leyen

Na quarta-feira, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, anunciou que a UE vai impor novas sanções a pessoas e empresas da Bielorrússia a partir da próxima semana, devido à situação na fronteira com a Polónia.

Von der Leyen, que esteve reunida com o Presidente norte-americano, Joe Biden, indicou também que “os Estados Unidos terão sanções [contra a Bielorrússia] em vigor em princípios de dezembro” pela mesma razão.

O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, admitiu, entretanto, que a instituição irá discutir, “nos próximos dias”, a possibilidade de “financiar uma infraestrutura física”, para “proteger melhor a fronteira da União Europeia”.

Chefe da diplomacia da UE diz que “Europa está em perigo”: “Os europeus nem sempre estão conscientes disso”

O Governo polaco iniciou recentemente a construção de um muro com sistema de vigilância ao longo dos 420 quilómetros da sua fronteira com a Bielorrússia, cujo custo disse chegar aos 350 milhões de euros e para o qual pediu ajuda a Bruxelas.

Notícia atualizada às 18h17 de dia 11/11/2021