A empresa estatal russa Gazprom concedeu esta quarta-feira à Moldávia mais dois dias para liquidar uma dívida de quase 74 milhões de dólares (cerca de 66 milhões de euros), recuando na ameaça de cortar o fornecimento de gás ao pequeno país europeu.

Acabei de receber a resposta da Gazprom ao meu pedido de prolongar o prazo de pagamento para o consumo atual de gás. O prazo foi estendido até sexta-feira”, disse o vice-Primeiro-Ministro da Moldávia, Andrei Spinu, em comunicado.

O prazo original para o pagamento, que cobre os custos de consumo de gás da Moldávia em outubro e novembro, estava agendado para segunda-feira. A Gazprom disse que o dinheiro não foi recebido e avisou que cortaria o fornecimento de gás à Moldávia se não fosse feito o pagamento até quarta-feira.

Empresa estatal russa Gazprom avisa Moldávia que deixará de fornecer gás dentro de 48 horas

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Andrei Spinu acrescentou que o governo “tomou todas as medidas necessárias para saldar a dívida acumulada de outubro-novembro na sexta-feira”.

A dívida faz parte de um acordo de cinco anos renovado no final de outubro entre Moldávia e a Rússia para prolongar um contrato, de longa data, que expirou no fim de setembro, o que deixou os dois países em discórdia por causa de um aumento de preço.

O porta-voz da empresa estatal russa, Sergey Kupriyanov, disse que a Moldávia “recorreu à Gazprom com um pedido para não interromper o fornecimento de gás a partir de hoje [quarta-feira]”.

“Como exceção, a Gazprom, ao mostrar boa vontade e compreender a situação difícil que os cidadãos da Moldávia podem enfrentar, concordou com este pedido. A Gazprom espera que a Moldávia cumpra todas as suas obrigações contratuais em geral e pague a dívida dentro do prazo”, indicou Kupriyanov, citado em comunicado.

As autoridades da Moldávia, o país mais pobre da Europa com cerca de 3,5 milhões de habitantes, situado entre a Roménia e a Ucrânia, disseram que pagariam o saldo pendente de 74 milhões de dólares (cerca de 66 milhões de euros) do seu Orçamento do Estado.

Depois de os esforços iniciais para garantir um novo acordo de fornecimento fracassarem, a Moldávia recorreu à Polónia para evitar a escassez do combustível no inverno e diversificar o fornecimento.

O fornecimento de um milhão de metros cúbicos de gás que a Moldávia recebeu da Polónia foi o primeiro ao país da antiga União Soviética por um fornecedor de gás não russo.

A Moldávia começou a receber gás natural da Rússia, em 1 de novembro, de acordo com o contrato assinado na semana anterior, por um período de cinco anos e que contempla este mês um preço de 450 dólares (cerca de 400 euros) por mil metros cúbicos, segundo a empresa russo-moldava Moldovagaz.

O porta-voz da Gazprom salientou que face à difícil situação financeira do país, a empresa russa de gás concordou em assinar o contrato, aceitando quase todas as condições da Moldávia, mas “com um ponto importante” e que consiste no pagamento de 100% do valor acordado.

As autoridades moldavas alegaram anteriormente que o país não podia aceitar o preço do gás proposto pela Gazprom e estava a começar a negociar a compra do combustível com a Ucrânia, Roménia e Polónia, para diversificar as suas fontes de energia.

A crise de escassez de oferta de combustíveis levou a Moldávia a declarar estado de emergência em 22 de outubro, por um período de 30 dias.