A Ucrânia calcula que a Rússia mantenha atualmente mais de 94.000 soldados junto à sua fronteira e considera que um possível ataque poderá ocorrer no final de janeiro de 2022, disse esta sexta-feira o ministro da Defesa ucraniano.

Numa intervenção no parlamento, em Kiev, Oleksiy Reznikov disse que os serviços de informações ucranianos estão a “analisar todos os cenários, incluindo os piores”.

“Dizem que existe a possibilidade de uma escalada de grande alcance por parte da Rússia”, disse Reznikov, segundo a agência noticiosa ucraniana UKRINFORM.

De acordo com os relatórios dos serviços de informações, “o momento mais provável para alcançar a prontidão para a escalada será o final de janeiro”, disse, salientando que um ataque “é um cenário provável, mas não uma certeza”.

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“A nossa tarefa é dar-lhe a volta”, disse o ministro da Defesa ucraniano, citado pela agência de notícias espanhola EFE.

Reznikov reiterou que a Ucrânia “está mais interessada no cenário político e diplomático da resolução” do conflito no Donbass, onde a Rússia tem apoiado separatistas pró-russos no conflito com o exército ucraniano desde 2014.

A Rússia diz que não pode diminuir as tensões na fronteira porque a Ucrânia quer retomar os territórios “pela força”.

O número total de tropas na Rússia, bem como nos territórios temporariamente ocupados, que podem ser utilizados para escalada, está estimado hoje em 94.300 pessoas”, disse Reznikov.

Em Estocolmo, o ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Dmytro Kuleba, rejeitou esta sexta-feira categoricamente qualquer compromisso de a Ucrânia abandonar os seus planos de aderir à NATO e quaisquer outras garantias exigidas pela Rússia.

“Rejeito esta ideia de que devemos garantir qualquer coisa à Rússia. Insisto: é a Rússia que deve garantir que não continuará a sua agressão contra qualquer país”, disse Kuleba à agência France-Presse (AFP), à margem da reunião da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE).

Um compromisso da Ucrânia de abandonar os seus planos de aderir à Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO, na sigla em inglês) “não é uma opção”, afirmou Kuleba.

O chefe da diplomacia ucraniana lembrou que a adesão à NATO e à União Europeia (UE) são objetivos inscritos na Constituição da República da Ucrânia, na sequência de uma emenda adotada pelo parlamento em setembro de 2018.

Kuleba apelou aos Estados Unidos e aos seus aliados para que rejeitem as exigências de Moscovo no sentido de aliviar as tensões na fronteira russo-ucraniana.

“É absolutamente inadequado que a Rússia tenha qualquer influência nas decisões tomadas por outro país soberano, a Ucrânia, e por uma organização internacional, a NATO”, disse Kuleba à AFP.

Numa reunião com o seu homólogo norte-americano em Estocolmo, na quinta-feira, o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov, exigiu a Antony Blinken “garantias de segurança” nas fronteiras russas.

Moscovo apelou ao congelamento do avanço da NATO para Leste, depois de grande parte da Europa de Leste ter aderido à aliança após o colapso da União Soviética.

O Presidente dos EUA, Joe Biden e o seu homólogo russo, Vladimir Putin, devem falar diretamente sobre as tensões na Ucrânia num encontro ainda por agenda, sete anos após a Rússia ter anexado a Crimeia e as forças separatistas pró-russas terem assumido o controlo de parte do Leste da antiga república soviética.