Se está nesta videochamada, faz parte do grupo azarado que está a ser demitido. O seu emprego termina aqui com efeito imediato”. O anúncio foi feito por Vishal Garg, CEO da imobiliária Better, durante uma reunião Zoom que ocorreu na última quarta-feira e dias depois foi tornada pública. Foram demitidos mais de 900 funcionários, cerca de 9% da mão de obra da empresa.

Esta é a segunda vez na minha carreira que faço isto e não o quero fazer. A última vez que o fiz, chorei“, admitiu Garg na chamada que durou cerca de três minutos. A eficiência do mercado, desempenho e produtividade foram as razões, diz o CEO, que justificam as demissões. No entanto, o Fortune, que teve acesso a mensagens publicadas numa plataforma anónima, revelou que  Vishal Garg acusou os funcionários de “roubar” os próprios colegas e os clientes ao não serem produtivos e trabalharem apenas duas horas por dia.

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“Ter de fazer demissões é angustiante, especialmente nesta altura do ano”, mencionou o chefe do departamento de Finanças, em comunicado à CNN Business. “No entanto, um balanço patrimonial forte e uma força de trabalho reduzida e focada colocaram-nos a jogar ao ataque num mercado de imóveis em evolução radical”, justificou.

Os recursos humanos vão agora prosseguir com os processos de demissão, adiantou ainda o CEO, detalhando aos antigos funcionários quais as indemnizações a que terão direito.

Ann Francke, presidente executiva do Chartered Management Institute do Reino Unido, sublinhou à BBC que este processo poderá ter efeitos negativos nos futuros negócios da Better.

É um negócio virado para o cliente, onde tentam fornecer hipotecas às pessoas. Tenho a certeza de que muitos clientes ou potenciais clientes estão a pensar: ‘Fogo, se eles tratam os funcionários desta forma, pergunto-me como é que eles tratam os clientes?’”, esclareceu.

A Better recrutou muitos funcionários durante a pandemia e, de acordo com a BBC, Garg terá dito à equipa que reconhecia ter contratado “demasiado” e “as pessoas erradas”, o que fez a empresa “fracasar”, disse.

Não é a primeira vez que o CEO da imobiliária está envolvido em polémicas relativas à forma como trata os trabalhadores. Em novembro, a Forbes revelou um e-mail que o próprio enviou aos funcionários, onde chamava “lentos” aos funcionário, acusando-os de o estarem a “envergonhar”.

Na semana passada, a Better recebeu da SoftBank, empresa japonesa e principal investidor, uma injeção de 750 milhões de dólares (cerca de 664 milhões de euros).