Tudo indicava que Herbert Diess, o CEO do Grupo Volkswagen, seria afastado do seu cargo. A tendência deste gestor alemão, vindo da BMW após o escândalo do Dieselgate, para chamar a atenção para as dificuldades e necessidades do grupo, tem-no tornado cada vez menos popular, não só junto das famílias Porsche e Piech, que controlam a maioria dos votos na administração, mas também junto do sindicato, aflito perante a possibilidade de despedimentos devido às opções industriais associadas à mobilidade eléctrica. Mas, na passada sexta-feira, uma reviravolta de última hora levou a que Diess pudesse continuar como responsável máximo da Volkswagen AG, apesar de voltar a ser amputado de poderes, de acordo com a Reuters.

O Grupo VW foi, entre os construtores tradicionais – aqueles que sempre viveram da produção de veículos com motores de combustão e com margens de lucro capazes de sossegar o espírito e a carteira dos seus accionistas – o que apostou mais decididamente nos veículos eléctricos. De plataformas específicas para modelos a bateria a fábricas modificadas para a produção deste novo tipo de veículos, o grupo, através do seu imenso conjunto de marcas, não se poupou a esforços nem a investimentos.

Mas seis anos depois de começar esta aventura na empresa, Diess, que foi contratado por estar limpo de suspeitas em relação ao escândalo da manipulação dos motores diesel, teve de lidar com as opções menos boas do gigante alemão.

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A última batalha teve como objectivo reduzir os custos de produção, quando o CEO chegou à conclusão que a VW necessitava de ser mais rápida e barata a fabricar os seus modelos, face aos concorrentes mais eficientes. Isto só seria possível com grandes investimentos industriais, reformulação de plataformas e uma considerável redução do número de operários na linha de produção. Foi exactamente isto que deixou os sindicatos à beira de um ataque de nervos, exigindo o afastamento do CEO.

Segundo a Reuters, foi conseguido um compromisso, em que Herbert Diess mantém a posição de CEO, mas desprovido da maioria dos poderes, limitando-se apenas à estratégia. A gestão do grupo passa para Ralf Brandstätter, que assim acumula com a responsabilidade pela marca VW.

Esta não é a primeira vez que Diess é “despromovido” dentro do grupo, uma situação que não deixa de espantar face ao tratamento que o conglomerado germânico sempre deu aos anteriores CEO, do grupo e das diferentes marcas, mesmo os que causaram danos tremendos, não só reputacionais como em milhares de milhões de euros, como os associados ao Dieselgate.