O Wolverhampton só ganhou um dos últimos cinco jogos, leva tantas vitórias como derrotas na Premier League e só o Norwich marca menos golos do que a equipa de Bruno Lage. Ou seja, pela lógica, é fácil chegar a uma conclusão: a aventura do treinador português em Inglaterra não está a correr propriamente bem. Contudo, o futebol é bem mais do que números — e até a assertiva imprensa inglesa não tem pruridos na hora de explicar que o impacto do técnico está a ser positivo e vai para lá dos resultados.

“O Bruno Lage está a sair-se bem. Ele tornou o Wolves melhor: estão a criar mais oportunidades, o que está a falhar é a eficácia e o mais provável é que isso mude. Mas o que o Lage fez não foi transformar o Wolves. Nem essa poderia ser uma expectativa realista a curto prazo tendo em conta que tem um plantel pequeno constituído maioritariamente por jogadores moldados pelo seu predecessor, Nuno Espírito Santo (…) O Lage tem sido perspicaz o suficiente para reconhecer o que herdou e o que podia mudar de forma razoável sem muitas contratações. E a parte mais impressionante é que, embora diga que 80% da sua filosofia é ofensiva, tornou o Wolves mais sólido do que nunca”, escreveu Paul Doyle, jornalista do The Guardian, este fim de semana, num artigo que destaca a “evolução” e não a “revolução” que o treinador português empreendeu no clube.

Ora, este domingo, a evolução do Wolverhampton encontrava um obstáculo sério. No Moulineux, a armada portuguesa recebia o Chelsea, o terceiro classificado da Premier League, e não podia contar com Yerson Mosquera e Fábio Silva, ambos infetados com Covid-19. Do outro lado, as ausências tinham o mesmo motivo: Ben Chilwell, Lukaku, Werner e Callum Hudson-Odoi testaram todos positivo nos últimos dias e o encontro chegou a estar em risco, acabando por não ser adiado como aconteceu com muitos outros desta jornada por decisão da própria liga inglesa.

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Assim, o Wolves atuava com José Sá, Rúben Neves, João Moutinho e Podence no onze inicial, enquanto que Bruno Jordão, Trincão e Nélson Semedo começavam no banco. No Chelsea, Pulisic era o elemento mais adiantado, apoiado por Ziyech e Mason Mount, e o jovem Trevor Chalobah era titular no meio-campo ao lado de Kanté. Enquanto suplentes, face às ausências motivadas pelos casos positivos, só seis nomes: Kepa, Marcus Bettinelli, Sarr, Kovacic, Saúl, Ross Barkley, ou seja, dois guarda-redes, um central e três médios.

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Wolverhampton e Chelsea chegaram ao intervalo ainda sem golos e com um grande equilíbrio: 4 contra 3 em remates, 1 contra zero em remates enquadrados, 45% contra 55% em posse de bola, e 4 contra 4 em pontapés de canto. Ainda assim, verificava-se um ligeiro ascendente da equipa de Bruno Lage, que chegou mesmo a colocar a bola no fundo da baliza por intermédio de Podence mas viu o golo ser anulado por fora de jogo de Jiménez durante o lance (15′).

Numa tarde de muito nevoeiro na cidade inglesa, Thomas Tuchel decidiu mexer ao intervalo e trocou Chalobah, que tinha sofrido algumas dificuldades físicas durante a primeira parte, por Saúl. Marcos Alonso ficou perto do primeiro golo ao acertar no poste (56′), Kovacic entrou para render Ziyech e Pulisic teve a última oportunidade do encontro, acabando por ver José Sá roubar-lhe o golo da vitória (78′). Trincão e Traoré ainda entraram mas já pouco aconteceu, com o Wolverhampton a conquistar mesmo um importante empate caseiro contra o Chelsea — que deixou os blues a seis pontos da liderança do Manchester City. O Wolverhampton pode ainda não estar em plena revolução mas a evolução de Bruno Lage, por agora, já trava os campeões europeus.